CRÍTICA -
BUSCA IMPLACÁVEL:
Após ter aparecido para
o mundo com o esquisitão “Subway” e virado hype com
seu “Nikita”, Luc Besson entrou com tudo na porta de
Hollywood com o sensacional “O Profissional”, depois
disso, já com uma certa fama e prestígio, tomou o
caminho que todo cineasta... não deveria tomar:
voltou a sua carreira a escrever, produzir, dirigir
e sei lá o que mais possa fazer, no maior número de
filmes de ação sem cérebro, até seu nome virar
sinônimo de algum ruim. Palmas para o senhor Luc
Besson.
É por isso que o trailer de “Perseguição Implacável”
me causou espanto, com o roteiro do cineasta, o
filme estrelado por Liam Neeson parecia ter um cara
de acerto, de um thriller nervoso, violento e
dramático. Talvez o retorno de Luc Beeson? Com meia
hora de filme essa pergunta já tinha sido
respondida, e ainda não era dessa vez.
Olhando friamente, “Perseguição Implacável” é um
daqueles filmes que tinha tudo para dar certo, mas
que, uma ou duas (ou mil) decisões o jogaram na lata
do lixo (mais ou menos como a carreira de Beeson).
Ao invés de tomar caminhos que deixariam o filme com
cara de europeu (leia-se menos mastigado), tanto o
roteiro de Besson e seu parceiro de longa data
Robert Mark Kamen, quanto a direção de Pierre Morel
parecem escolher fazer algo que parece prever a
tradução do filme para o português. E só.
No filme, Neeson é um ex-agente de alguma agencia
secreta dos Estados Unidos, que decide largar tudo
para tentar se aproximar da filha adolescente, que
vive com a mãe e o padrasto milionário. Durante uma
viagem para Paris, ela e a amiga acabam sendo
misteriosamente seqüestradas, restando para o pai
apenas usar de toda sua experiência para achá-la
antes que seja tarde demais.
Por mas que o roteiro sem criatividade já não
impressione, ainda fica aquele fio de esperança, que
é cortado logo no começo, ou melhor no enorme
começo, já que durante quase metade do filme o
espectador é obrigado a ficar vendo um desfile de
subterfúgios fracos. É preciso contar a história do
personagem, fácil, junte alguns amigos das antigas e
crie uma situação forçada, com diálogos artificiais
do tipo “Você lembra daquela vez sei lá aonde?”.
Triste.
Soluções como essa, parecem deixar tudo preguiçoso,
já que esfrega na cara qualquer coisa, sem
descrição. E o que falar do resto do filme, onde o
pai parece se tornar invencível e extremamente
sortudo, já que tudo e todos parecem estar ali para
contarem alguma coisa sobre a filha e em segunda
instancia, morrer, facilitando demais, e deixando
sem emoção, todo andamento.
Ao invés de se preocupar em criar seqüências como a
do rapto, que por ser mostrada inteira no trailer,
perde grande parte do peso narrativo, o diretor
Morel parece focar demais em perder tempo com
perseguições sem emoção e repetitivas, pontuando
demais o filme com elas e deixando-o quadrado
demais. E mesmo essa seqüência do rapto, que poderia
ser a melhor coisa do filme, sem dúvida é
desperdiçada, já que momentos depois é repetida
quase por inteira.
Quem sou eu para dar esse tipo de opinião, mas não
consegui tirar da minha cabeça o quanto essa mesma
ganharia peso e dramaticidade se, no primeiro
momento, ficasse focada apenas no pai desesperado
escutando a filha ser raptada, sem cortes, no
escuro, com a voz da filha ao telefone, para apenas
no segundo momento ela virar imagens tanto para ele
quanto para nós espectadores, mas, como eu escrevi,
quem sou eu? E será que o público estaria preparado
para um uma cena de ação auditiva? E será que Luc
Besson não fez o filme ser ruim de propósito, para
não “manchar” sua filmografia? E mais, será que a
atriz de 25 anos, Maggie Grace, que interpreta a
filha adolescente, acha que, para parecer ter oito
anos a menos precisa apenas correr balançando os
braços? Essas perguntas, eu, na minha humilde
existência, não tento responder.