CRÍTICA - MUITO GELO E DOIS DEDOS DE ÁGUA

FILME "MUITO GELO E DOIS DEDOS DE ÁGUA"   
por Vinicius Vieira - vvinicius@hotmail.com 
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MUITO GELO E DOIS DEDOS DE ÁGUA (Foto Divulgação)

MUITO GELO E DOIS DEDOS DE ÁGUA

CRÍTICA - MUITO GELO E DOIS DEDOS DE ÁGUA: Depois de toda campanha de marketing, spots na TV, trailers e mais trailers nos cinemas, cartazes e até um vídeo na internet com a digníssima senhora “tapa na pantera” se confundindo com o nome do filme, para mim tudo já estava mais que claro: “Muito Gelo e Dois Dedos D´água” ia ser mais uma besteira resultante da já nefasta parceria Daniel Filho/ Globo Filmes... e não deu outra.

Diante de toda enxurrada publicitária do filme, tenho que admitir que eu também fui fisgado pela idéia do longa, mas a cada minuto que eu passava na frente da tela do cinema ia cada vez mais me sentindo mal com tamanha besteira.

Na trama, somos apresentados a duas irmãs, Roberta e Suzana (Mariana Ximenes e Paloma Duarte) que decidem se juntar para seqüestrar a própria avó (Laura Cardoso) por um fim de semana, para se vingarem de todas as “torturas” que a velha praticava com elas em férias de verões passados em um casa de praia, acompanhadas do advogado “careta” Renato (Ângelo Paes Leme) que cai de gaiato no viagem, ainda por cima os três são perseguidos pelo marido de Suzana (Thiago Lacerda) que acha que as duas estão se acabando em drogas pesadas.

A primeira vista o filme, que tem todas as ferramentas para se tornar um cult, sexy e repleto de humor negro, ou até apostando na dramaticidade da situação, no relacionamento entre os personagens, mas por fim escolhe um outro caminho, aposta no riso fácil, e se torna bobo e desnecessário.

O roteiro escrito pelo casal Alexandre Machado e Fernanda Young, responsáveis na TV por séries como “Os Normais” e “Minha Nada Mole Vida”, peca quando parece não conseguir entender a verdadeira razão dos personagens, tornando o filme raso, você não consegue em nenhum momento realmente sentir pena da dupla de protagonistas, principalmente pois não dão espaço suficiente para a avó ser realmente má, já que a atriz passa a maioria do filme dopada gritando o nome do General Médici, uma pena já que Laura Cardoso tinha tudo para dar um show a parte no filme.

O roteiro ainda ignora a inteligência do público colocando frases totalmente idiotas na boca da personagem de Mariana Ximenes, pondo em questão se aquela personagem não deveria estar em um manicômio tamanha estupidez com que ela trata tudo na vida, grande culpa também da atriz que resolve interpretar uma idiota retardada que fica pulando e fazendo careta, falta sutileza das duas partes.

E sutileza é também uma palavra que passa longe das situações apresentadas no filme, tudo é forçado, além de previsível e por muitas vezes sem graça, principalmente toda a parte da história relacionada ao galã Thiago Lacerda, totalmente desnecessário e pastelão demais para o resto do filme.

Mas a impressão que eu tenho é que o filme teria sido bem melhor se apostasse mais em seus diálogos, que apresentam uma quantidade muito boa de acidez, e um humor inteligente, quando não idiota, mas essas partes boas na maioria das vezes são interrompidas por uma piada visual, ou sonora, parece que o problema foi uma aposta errada, ao invés disso escolheram um filme visual e deram na mão de Daniel Filho, que é muito “careta” em seus filmes para conseguir o tom que “Dois Dedos” precisaria.

O diretor não posiciona o filme para um público, até tenta ser moderno mais se torna ridículo, aquelas luzinhas na cara da avó são as provas de que uma tentativa de ser moderno e descontraído pode se tornar triste, como aquele tiozão barrigudo com luzes no cabelo e uma crise de meia idade.

Daniel Filho ainda parece se perder visualmente, acelerando perseguições de carro, brincado de honomatopéias, e não deixando o filme fluir em paz sempre com cortes um pouco rápidos de mais, parecendo estar dirigindo um filme dos Trapalhões.

Eu provavelmente poderia passar o resto da minha vida sem ter visto “Muito Gelo e Dois Dedos D´água” e seria cinematograficamente mais feliz, e não pararia para pensar como besteiras como essa estão em todos cinemas do Brasil e filmes como “Cinema, Aspirinas e Urubus”, ainda continua quase em um circuito fechado, mesmo depois de ser o indicado ao Brasil para o Oscar, é uma pena, e quem leva a pior nessa história somos nós que só queremos ir no cinema ver algo que presta.

P.S.: a versão da Elza Soares para a música “It´s oh so Quiet” da Islandesa Björk, é maior que todas torturas da avó, se possível demorem um pouco mais na fila da pipoca, vocês não vão se arrepender.

© Buena Vista International
Data de Lançamento : dia 06 de Outubro nos Cinemas
HOTSITE : www.2dedosdagua.com.br 

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Crítico: Vinicius Vieira - Jornalista - vvinicius@hotmail.com

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