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RESENHA CRÍTICA "O VIGARISTA DO ANO"   
por Vinicius Vieira - vvinicius@hotmail.com 
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O VIGARISTA DO ANO - (Foto Divulgação)

O VIGARISTA DO ANO

CRÍTICA - O VIGARISTA DO ANO: “O Vigarista do Ano”, novo filme de Lasse Hallström, é uma prova de que às vezes a realidade é muito mais interessante que qualquer roteiro de cinema. A história de como o escritor Clifford Irving, quase enganou toda uma nação é tão absurda e bizarra, que mesmo os “baseados em uma história real” são facilmente colocados à prova quando as luzes se ascendem.
A verdade é que no começo dos anos 70s, Clifford Irving, um escritor mediano norte americano, povoou as manchetes dos jornais dos Estados Unidos duas vezes. A primeira, quando ele conseguiu um contrato prévio milionário para escrever a biografia do bilionário recluso Howard Hughes (para quem não sabe, aquele mesmo retratado em “O Aviador”), autorizada pelo próprio, a segunda, quando a revista Time (uma das maiores do EUA) na sua edição de 21 de fevereiro de 1972 estampou sua capa com uma imagem do escritor junto da manchete “CON MAN OF THE YEAR” (algo como “O Vigarista do Ano” do título do filme em português), quando toda falcatrua ao redor da fraudulenta biografia foi desmascarada.
Adaptado do livro de 1981, escrito pelo próprio Clifford Irving contando a história do ocorrido, o filme, que traz Richard Gere na pele do mesmo, não é uma tentativa de glamourizar a história, e muito menos o personagem, ainda que com o roteiro, escrito por Willian Wheeler, em certo momento até tentando criar um personagem um pouco psicologicamente perturbado, com devaneios e ilusões, para “despilantrá-lo” um pouco, na maior parte do tempo se preocupa em apenas contar a história, que por si só já é interessantíssima.
Wheeler faz um ótimo trabalho, te faz comprar a história e acreditar em cada virada dela, não cai na armadilha de deixar buracos no roteiro, usa muito bem o que tem em mãos e não tira nenhum coelho da cartola, sempre com o cuidado de apresentar os assuntos antes de explorá-los. A reação de Duck Suskind (Alfred Molina) ao saber que traiu a esposa não deixa a impressão de exagero, pois ela (a esposa) é citada diversas vezes pelo próprio, sempre demonstrando a estabilidade da relação, assim como o caso extraconjugal do próprio Irving que no final das contas é muito mais importante do que parece. O roteirista joga as pistas, para mais tarde recolhê-las e criar um roteiro conciso.
O roteiro ainda explora otimamente o fato de que uma mentira repetida em exaustão pode virar uma verdade, e assim possibilita ao diretor Lasse Hallström mostrar o desgaste psicológico do personagem principal, em como, em certo momento da história, ele está tão cercado de mentiras que quase não vê possibilidade de escapar do inevitável.
Hallström, que está cada vez mais longe de seu lado melodramático (“Chocolat”, “Gilbert Grape”, “Chegadas e Partidas”), continua sabendo contar uma história de um jeito leve, sem querer se impor diante da história, note como, mesmo criando belas imagens, a câmera sempre procura os personagens na cena, algo que ajuda já que o filme se dá diante das ações dos protagonistas sobre o meio, repleto de diálogos.
Junto da montagem de Andrew Mondshein (“Sexto Sentido”), o diretor ainda impõe um ritmo único para o filme, revezando entre uma edição rápida e picotada, com imagens chapadas e closes para mostrar a euforia das situações, ao mesmo tempo em que pontuam toda frustração com uma imagem que fica mais tempo na tela, em ângulos afastados dos personagens, como no começo do filme em que todo castelo de cartas de Irving é destruído quando seu livro é recusado pela editora.
Mas provavelmente, “O Vigarista do Ano” não funcionaria sem uma grande dupla de protagonistas, e Richard Gere e Alfred Molina fazem esse papel perfeitamente. O ótimo Molina, no papel do fiel escudeiro do escritor, faz um ótimo trabalho, com certeza se destacando mais uma vez em sua consistente carreira, já o inconstante Gere, que de uns tempos para cá tem só acertado, faz novamente a melhor atuação de sua vida (substituindo o musical “Chicago” nesse quesito). Além de atuarem com uma naturalidade incrível, a dupla deixa a história mais crível, sabendo muito bem usar o humor leve do roteiro, Gere ainda se mostra no controle total do personagem, sempre com um tom cínico e cheio de frieza, parecendo construir uma personalidade através dos olhos, sempre com uma profundidade incrível.
Mesmo não sendo um filme memorável em nenhum sentido, talvez Gere seja que mais chegue perto disso, “O Vigarista do Ano” já desponta como uma das melhores produções do ano, conseguindo acertar na mosca no que se propõe a fazer: um filme divertido, sobre uma história impressionante que não teria como não ganhar as salas de cinema.

Ficha Técnica
Filme: O VIGARISTA DO ANO (THE HOAX, Estados Unidos da América - 2006).
Diretor (es): Lasse Hallstrom
Distribuidor (es): Activity Filmes do Brasil Ltda.
Gênero: Drama/Comédia
Classificação: Não recomendada para menores de 12 (doze) anos (Longa Metragem)
Inadequações: Consumo de Drogas Lícitas e Linguagem Depreciativa 

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Crítico: Vinicius Vieira - Jornalista - vvinicius@hotmail.com

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