ENTREVISTA COM O ESCRITOR JULIANO SASSERON
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Juliano Sasseron.
 (06/02/09)

Ademir Pascale: Primeiramente, digo que é um prazer em ter essa conversa contigo. Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de Juliano Sasseron para o meio literário.

Juliano Sasseron: O prazer é todo meu. Fico extremamente honrado com o convite. Sei de todo o seu esforço para elevar a Literatura Fantástica a patamares dignos. Admiro muito isso.

Bom, sempre fui fascinado por mitologia, quadrinhos, desenhos, livros, cinema e todo tipo de cultura pop. Já desejava escrever a muito tempo, anotava algumas idéias, mas nunca as reuni. Quando tinha 18 anos, pensei: “Está na hora de colocar tudo no papel”. Tinha largado o curso de Engenharia de Telecomunicações e estava trabalhando. Na parte da manhã eu ficava horas sem fazer nada, então decidi levar um caderno velho e uma caneta para começar meus rabiscos. Quatro meses depois surgiu meu primeiro livro. Depois disso não parei mais. Escrevi outras histórias, entre elas o livro lançado pela Novo Século.

Ademir Pascale: Você encontrou muitas barreiras para publicar a obra “Crianças da Noite” (Novo Século)?

Juliano Sasseron: Como qualquer autor iniciante, tive minhas dificuldades ainda mais por ser muito jovem. “CRIANÇAS DA NOITE” foi escrito em 2005 e só em meados de 2008 foi publicado. Existe uma barreira (espero que não seja preconceito) perante os escritores nacionais desse tipo de literatura. Ou melhor, não só nessa área, você já reparou que dizem tudo o que é de fora é melhor? Engraçado isso, para não dizer triste. Há um ditado que diz “Santo de casa não faz milagre”. Isso é complicado, porém sou teimoso e não desisto. É isso que quero pra minha vida. É esse meu objetivo. Depois de lançado, fiz novas amizades, recebi várias mensagens de fãs que adoraram meu livro, alguns pediram para eu dar uma continuidade na história, isso é lindo. Enfim aos poucos esse “Muro de Berlim” está sendo quebrado.

Ademir Pascale: Poderia falar um pouquinho sobre a obra?

Juliano Sasseron: “CRIANÇAS DA NOITE” é um livro cheio de ação, mistério, aventura e suspense, no qual vemos guerras entre vampiros e outros seres do oculto em cada uma de suas 288 páginas.

O mundo proibido dos vampiros é uma rede de mentiras e trapaças tudo em busca de mais poder. Acordos e pactos são feitos a toda hora, mas é só virar de costas para ter o corpo atravessado por uma estaca e ser jogado aos lobos.

Um vampiro traidor é descoberto infiltrado em uma poderosa seita e já na primeira página começa a caçada sangrenta. A estrutura dessa seita começa a desmoronar.

Em meio ao caos, uma antiga profecia, feita na época da criação do mundo, vem à tona. Então é necessário uma união improvável entre alguns vampiros, para que se descubra os mistérios e segredos que falam sobre o Fim dos Tempos.

Vampiros, Lobisomens, Magos, Espíritos. Um verdadeiro universo obscuro existe ao nosso redor.

Ademir Pascale: Onde os interessados poderão adquiri-la?

Juliano Sasseron: O livro encontra-se em diversas livrarias: Saraiva, Martins Fontes, Submarino, Americanas, entre outras. Caso o leitor não ache, pode encomendar na própria livraria, ou se preferir pela internet.

Ademir Pascale: No seu ponto de vista, aumentou o interesse dos brasileiros com os gêneros Fantasia, FC e Horror? Se sim, por quê?

Juliano Sasseron: Sim. Temos nomes como Stephen King e Neil Gaiman que impulsionaram esses gêneros. O próprio Harry Potter fez com que a literatura fantástica ficasse mais forte. Mas tudo tem dois lados. É muito complicado para um autor iniciante competir com esses “fenômenos”, pois em sua maioria já vêm com marketing forte e o cinema pra ajudar. Não que isso seja ruim, eu adoro Harry Potter, mas muitas pessoas lêem esses livros porque “estão na moda”. Não é exatamente uma questão de escolha. Porém se algumas dessas pessoas não parar por ai e buscar novos livros, isso será uma revolução no mercado editorial. O próprio Terry Pratchett, recentemente condecorado com o título de Sir, teve seu devido reconhecimento muito tempo depois, isso sem falar de autores que só depois de mortos foram considerados grandes escritores.

Ademir Pascale: Qual seria o melhor caminho para um autor em início de carreira?

Juliano Sasseron: O autor deve estar sempre atento as editoras que estão lançando selos na linha da qual ele escreve. Ir, sempre que possível, a encontros e feiras de livros, participar de antologias, zines, coletâneas e afins. Conversar com outros escritores e leitores (o Orkut é uma boa maneira). Nunca desistir se algum texto for recusado e, o mais importante, escrever, escrever, escrever.

Ademir Pascale: O que você acha do sistema de cooperativa em uma obra, onde vários autores pagam para publicar numa coletânea? E qual a sua opinião referente as editoras que cobram para publicar um romance?

Juliano Sasseron: O sistema de cooperativa é uma opção valorosa. Faz com que um número mais elevado de pessoas conheça sua obra já de início. Quanto a pagar pela publicação, infelizmente é o mais comum. Eu até entendo as editoras que preferem não se arriscar publicando novos autores, afinal elas são empresas que giram em torno de números, porém isso dificulta o aparecimento de grandes idéias, pois geralmente o preço para publicação é extremamente alto. O ideal é ter paciência e não se afobar já querendo publicar o livro de qualquer jeito. Conversar com o editor e expor suas metas, ver se a obra será bem produzida, se terá boa distribuição, entre outros fatores é fundamental. Se não houver outra saída, o dinheiro gasto hoje pode ser um investimento para o futuro. Mas veja bem que eu disse que “pode” ser um bom investimento.

Ademir Pascale: Em geral, as editoras brasileiras estão abrindo as portas para os jovens autores ou estão publicando apenas aqueles que já tem uma vasta bagagem no meio?

Juliano Sasseron: Apesar de nos últimos anos terem surgido novos autores e as editoras estarem apostando na literatura nacional, isso ainda deixa a desejar. Não adianta ser publicado e o livro ficar escondido na estante. Falta tanto as editoras terem mais confiança nos autores do país, quanto os próprios leitores exigirem mais livros escritos aqui. Isso tudo é um processo que aos poucos está melhorando.

Ademir Pascale: No seu ponto de vista, dá para sobreviver no Brasil apenas como escritor ou ainda é preciso conciliar com outra profissão?

Juliano Sasseron: Sou um sonhador, tenho fé que isso será possível. Agora vamos ser realistas, infelizmente esse privilégio ainda é para poucos. Sou Engenheiro Agrônomo, mas se pudesse viver apenas da minha literatura, estaria realizado.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta? Se sim, quais?

Juliano Sasseron: Sim. Na verdade possuo mais três livros prontos: “ABENÇOADO?”, meu primogênito, escrito quando tinha 18 anos e publicado independentemente (hoje estou terminando a revisão do mesmo para uma futura publicação, dessa vez com apoio e distribuição de uma editora). Os outros dois são épicos medievais, onde misturo mitologia e folclore nacional. São duas pequenas histórias que precedem outras duas maiores (estas ainda em fase de preparação), apesar de que cada uma pode ser lida separadamente. Além disso, estou trabalhando em uma continuação para o “CRIANÇAS DA NOITE”, desta vez com outros seres do oculto envolvidos. Como sou eclético, também estou me aventurando nos contos. Recentemente saiu um conto meu no site www.fontesdaficcao.com, em breve sairá no blog Dois Escritores um conto que escrevi junto ao Adriano Siqueira e pretendo participar mais do TerrorZine. Por fim, o livro “TERRITÓRIO V”, uma seleta de contos organizada pelo Kizzy e que será publicada pela Terracota Editora, terá minha participação.

Perguntas Rápidas:

Um livro: O Hobbit
Um(a) autor(a): J.R.R.Tolkien
Um ator ou atriz: Morgan Freeman
Um filme: Toda a saga de Guerra nas Estrelas (STAR WARS)
Um dia especial: Reveillon (a vida é mudança)
Um desejo: Imortalidade através de minhas obras. Tenho uma frase que explica: “Nós vamos terminar, um dia, a nossa peregrinação pela Terra, mas aquilo que deixarmos em matéria de criação artística, tornar-se-á imperecível!”

Ademir Pascale: Desejo-lhe sempre muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço.

Juliano Sasseron: Ademir, muito obrigado por tudo que você tem feito pela literatura brasileira. O país precisa, espera, anseia, por pessoas como você, que batalha duramente pela cultura. Fico grato por isso.
Deixo um recado: “Você, amigo leitor, que acabou de desfrutar de maravilhosos momentos com esses belos minicontos, busque mais. Desfrute de outras aventuras em novos livros. O Brasil está cheio de ótimos escritores. Prestigie a Literatura Fantástica nacional. Quem sabe algum dia ela venha ter o devido reconhecimento e tornar-se um dos gêneros literários ensinados nas escolas”.