ENTREVISTA COM O ESCRITOR GERSON J.V. COUTO

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Gerson J.V. Couto.
 (08/03/09)

REVISÃO DE TEXTOS - ANÁLISE TEXTUAL - DICAS E LEITURA CRÍTICA


 
Gerson J.V. Couto - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Como surgiu o seu interesse pela literatura? Foi influenciado por algum autor específico?

Gerson J.V. Couto: Meus pais sempre nos incentivaram a ler, assistir filmes, e ouvir música. Minha irmã me ensinou a ler, inventando uma história para cada letra do alfabeto. Como ouvia bastante música, pegava as letras que vinham impressas no encarte do disco e ia acompanhando. Quando fui para a escola, já sabia ler, e tive meu primeiro contato com uma grande biblioteca. Passava quase todos os meus recreios nela, porquê eram inúmeros os livros que queria ler, e também servia para me afastar de tudo aquilo, porque eu odiava ir para a escola, todas aquelas matérias, e todo o resto, exceto quando era festa junina, pois eu adorava dançar quadrilha (rsss). Sempre procurei por livros que me levassem para uma realidade diferente, o que fez com que chegasse à literatura fantástica. Meu primeiro contato com essa “nova realidade” foi através das histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, depois vieram os livros sobre Mitologia Grega, e muitos outros.
Minha maior influência acredito que seja Monteiro Lobato, mas é complicado falar somente de um autor, pois sempre me prendi mais aos livros que seus autores. Há pouco tempo, terminei de ler Crime e Castigo, do Dostoievski, e agora estou lendo Um Mundo Perfeito, do Leonardo Brum.

Ademir Pascale: Li a sua obra “Hemisfério-Dorso” (Multifoco) e achei o enredo muito criativo e original. Conte pra gente como surgiu a idéia inicial para criação da sua obra.

Gerson J.V. Couto: Sempre quis escrever uma história, transformá-la em livro, mas não tinha nada em mente para realizar tal vontade. Até que, muito tempo depois, quando estava repousando em casa, após ter passado por uma cirurgia, a história surgiu de uma só vez. Corri para o computador e comecei a trabalhar. Comecei a escrever diariamente. Desenhei algumas coisas para entender meus próprios pensamentos (rss), e passei a guardar tudo que me remetesse à história. Logo Hemisfério-Dorso começou a tomar forma, muitas idéias foram abandonadas, outras adicionadas, até chegar ao produto final.
Hemisfério-Dorso aborda, nas entrelinhas, a questão da escolha. Tudo tem uma escolha, que vem de uma decisão, assim causando uma consequência. Isso tudo abordado com bastante mistério, aventura, criaturas fantásticas, suspense, e claro, fantasia.
Dez Deuses, cansados de uma infinita monotonia, decidiram criar um novo planeta. Mas nenhum deles esperava que tal passatempo se transformasse num grande problema. Mesmo dotados de infinitos poderes, era impossível se não se mostrar surpreso.

E quanto aos mortais, habitantes daquele planeta? Chegaria o momento em que os estranhos acontecimentos cessariam, dando lugar a algo totalmente novo. E Lad, um desses mortais, seria o primeiro a presenciar tal mudança.

Ademir Pascale: Pretende dar uma continuação para Hemisfério-Dorso ou está trabalhando em outra obra não paralela?

Gerson J.V. Couto: Hemisfério-Dorso era, primeiramente, para ser uma duologia, mas acabou virando uma trilogia. Isso por ser meu primeiro trabalho publicado, e a editora achar melhor dividir o primeiro volume em dois, por uma questão de maior acessibilidade financeira. Agora estou trabalhando na terceira parte de Hemisfério-Dorso, além de já ter dado início a uma outra história. Acredito que esse universo que criei tem muitas possibilidades, e histórias para ser contadas. Mas pretendo intercalar, depois do lançamento da segunda parte (que já está pronta), lançar outro trabalho, para depois lançar a terceira parte.
Tenho alguns roteiros para novas histórias, grande parte deles voltado para a realidade fantástica, suspense e terror.

Ademir Pascale: Você enfrentou alguma dificuldade na publicação do Hemisfério-Dorso? Caso sim, conte pra gente como foi.

Gerson J.V. Couto: Foram muitas as dificuldades. E ainda comecei da pior forma (rss), tentando publicar um livro que tem continuação. Por quê investir num brasileiro desconhecido se podem ganhar muito mais dinheiro somente traduzindo best-sellers?
Então, por alguns anos fiquei atrás de editoras. Algumas foram bem “profissionais”, enviando aquela resposta padrão. Outras disseram ter gostado do trabalho, mas por alguma razão, não o pegaram. O que na época me deixou surpreso foi o fato de algumas editoras enviarem meu trabalho para outras, pelo fato do material ter agradado. Na época morava em Belo Horizonte, e acabei gastando um bom dinheiro, pois muitas dessas editoras não aceitavam o original via e-mail, era preciso imprimir e enviar.
Anos depois, já morando no Rio de Janeiro, estava pensando em fazer uma tiragem independente, quando três editoras enviaram uma resposta positiva quanto à publicação de Hemisfério-Dorso. Duas editoras de São Paulo, e a Editora Multifoco, que é do Rio de Janeiro. Optei pela Multifoco, devido ao profissionalismo e a forma como trataram Hemisfério-Dorso.

Ademir Pascale: Como os leitores interessados deverão proceder para adquirir a obra?

Gerson J.V. Couto: Eles podem comprar pelo site da Editora Multifoco (www.editoramultifoco.com.br) ou, se preferir, diretamente comigo. É só acessar minha página (www.gersonjvcouto.com) e enviar um e-mail, que eu responderei com os dados necessários para a conclusão da compra.

Ademir Pascale: Quais as suas dicas para os autores em início de carreira?

Gerson J.V. Couto: Acreditar e saber o que está fazendo. Ter disciplina. Sem disciplina não se vai a lugar algum. Escolher as pessoas certas para “testar” seu trabalho. É importante mostrar seus textos para pessoas que irão dizer a verdade quanto ao seu trabalho, e não “legal!”, porquê você é amigo delas. Pensar em como iniciar sua entrada no mundo literário, pois ninguém vive de sonhos, isso significa criar estratégias para vendê-lo, divulgá-lo, e tudo mais.
Não desanimar com a quantidade de – NÃO! que você receberá, nem com o dia seguinte após a publicação, onde você verá que seu livro não é um Harry Potter, e que é preciso trabalhar muito, mas muito mesmo, para conseguir algo.
É preciso ter estrutura para agüentar os altos e baixos, senão, é melhor nem começar.

Ademir Pascale: Em geral, qual a sua opinião referente ao tratamento das editoras brasileiras com relação ao recebimento dos originais dos autores em início de carreira?

Gerson J.V. Couto: Acredito que eles não devem ler mais que as oito primeiras páginas de cada original recebido (rsss). As editoras parecem ter medo de arriscar, de injetar sangue novo no mercado literário brasileiro. Tenho certeza que, se escrevesse auto-ajuda, as coisas seriam bem mais fáceis. Parece existir um medo quanto ao escritor de literatura fantástica brasileiro. Será que ninguém no Brasil é bom para fazer parte de uma editora? Se eu criasse outra história, e meu personagem principal se chamasse Leonardo, e a história se passasse em São Paulo, ele venderia menos se o principal se chamasse Joseph, e a história acontecesse em Los Angeles? André Vianco mostrou que não. Suas histórias se passam em nossas terras, e dia após dia ele arrebanha mais leitores. O trabalho do André abriu várias portas para nós, novos autores, mas ainda é preciso algo mais. Talvez, se seus vampiros destruíssem esses editores, a vida dos novos escritores seria menos conturbada (rsss)
Outra questão delicada é a idade. Um editor não deve levar a sério um original enviado por um jovem de 23 anos.

Ademir Pascale: É verdade que você está trabalhando em conjunto com os autores J. P. Balbino, Leonardo Brum e Higor Porto Montes na obra “O Vale”? Conte pra gente como está sendo este trabalho em conjunto, quando a obra será lançada, etc.

Gerson J.V. Couto: Sim, estamos trabalhando em O Vale! O projeto começou com o J.P. Balbino e o Higor Porto Montes, depois convidaram o Leonardo Brum e, após o lançamento de Hemisfério-Dorso, me convidaram. É uma experiência única trabalhar assim, escrevendo “em grupo”. É um trabalho bastante delicado, pois cada um tem uma maneira de escrever. Às vezes, o que é excelente para você soa ridículo para o outro. É preciso ter cuidado, e ser bastante receptivo com a idéia do outro. Às vezes um acaba mexendo na idéia do outro, e tudo fica ainda melhor, às vezes acontece o contrário (rsss). O grupo é muito profissional, e trabalha sempre pensando no melhor para a história, e o fruto dessa união profissional vocês verão no segundo semestre deste ano.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Dona Flor e Seus Dois Maridos (Jorge Amado).
Um(a) autor(a): Monteiro Lobato.
Um ator ou atriz: Juliette Lewis.
Um filme: Labirinto, A Magia do Tempo (Labyrinth).
Um dia especial: todos os dias de carnaval.
Um desejo: ganhar o mundo através da minha arte.

Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço.

Gerson J.V. Couto: Agradeço a você Ademir, que tanto batalha por um maior espaço pela literatura fantástica no Brasil. Que nossos trabalhos sejam recebidos com sucesso, e que mais portas se abram para nós, e para os novos autores brasileiros que estão por vir. Grande abraço a todos que leram esta entrevista e, em especial, para aqueles que leram, e tem falado sobre Hemisfério-Dorso com grande entusiasmo. Tenho recebido muitos comentários e críticas positivas.
Diferente de muitos autores, eu só trabalho com arte. Além de escritor, sou bailarino, por isso sei bem como é difícil obter um lugar no mundo das artes.
Espero, em breve, estar lançando mais e mais trabalhos.
Muito trabalho, sorte, dinheiro, e alegria para todos nós!  

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 Hemisfério-Dorso - Gerson J.V. Couto
   

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Gerson J.V. Couto.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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