ENTREVISTA COM O ESCRITOR LORD A.

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Lord A.
 (05/05/09)

REVISÃO DE TEXTOS - ANÁLISE TEXTUAL - DICAS E LEITURA CRÍTICA


 
Lord A. - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Primeiramente, digo que é um prazer ter esta conversa contigo. Para iniciarmos, gostaria de saber quando você descobriu que era apaixonado pelo vampirismo e qual a sua real participação neste mundo sombrio?

Lord A.:O prazer é todo meu Ademir, obrigado pela oportunidade.Sempre fui apaixonado pelo que é associado ao noturno, inconsciente, selvagem, romântico desde que me recordo da minha vida. Minhas brincadeiras, minhas artes e minhas idéias expressavam tudo isso e isto me traz bastante sentido - embora nunca foi um determinante para mim integrar uma Subcultura ou outra. Quando estava com dezesseis anos, conheci pessoas que gostavam e simpatizavam com temas parecidos e acabei conhecendo a Subcultura Gótica paulistana - isso foi lá em meados de 1993/1994.

Meu envolvimento era como frequentador e alguém que curtia as músicas, pessoas e idéias daquele contexto.No final da década de noventa, elaborei um dos primeiros sites brasileiros do gênero gótico e produzi alguns eventos no hoje extinto Madame Satã - sempre enfocando a produção cultural da cena e atrações performáticas instigantes.

Nos últimos anos tive a oportunidade de protagonizar a criação de outros eventos, dois novos sites destinados a Subcultura Gótica e Vamp, que foram recompensadores e inesquecíveis ao lado de pessoas e parceiros marcantes.E desde 2008 me dedico a atividades profissionais e a um projeto próprio e suas vertentes.

Já são praticamente dezesseis anos nesta vida por amor e devoção ao contexto. Neste tempo exerci as funções de webmaster, promotor de eventos culturais, DJ, escritor, colunista de alguns sites, editor de fanzine, conferencista e até mesmo "dublê" de músico...

Ademir Pascale: Afinal, o que é o vampirismo e qual a sua ligação com a subcultura gótica?

Lord A.: Nem todo gótico(integrante da Subcultura Gótica) curte o personagem da ficção e das lendas vampíricas. Nem todo "vamp"(integrante da Subcultura Vampyrica) vem a ser ou veste-se como um gótico. Falarmos de "vampirismo" é um assunto extenso bastante diferente do que um segmento da indústria cultural vem reafirmando ao longo do século XX, sempre re-lançando ou re-afirmando livros e autores defasados históricamente do século XIX.Sair dessa mesmice leva tempo, pesquisa, trabalho e resiliência...

Escolhi apresentar a você a resposta dividida em três partes, uma referente ao histórico e outra a aspectos da Subcultura Gótica e da Subcultura Vampyrica.

Históricamente: Quando falamos "históricamente" de vampiros, falamos de antigos cultos de fertilidade da terra essencialmente europeus (com algumas pitadas asiáticas), que se extinguiram entre os séculos X e XII - cujo no norte da Rússia e nos países eslavos (recém convertidos ao cristianismo ortodoxo) eram denominados como "uppyr" e variantes do termo.O termo tinha relação com "aqueles que vertiam libações", "não merecedores da graça" e no geral usado para definir habitantes do campo não convertidos ao cristianismo da época e considerados "pagãos" no sentido mais comum do termo.

Tais agrupamentos entraram em declínio natural e se extinguiram entre os séculos X e XII - legando para o folclore, os relatos sobre os processos extáticos de seus integrantes que alegavam transformarem-se em animais em determinadas fases da lua, voarem sobre os telhados na calada da noite, combaterem mortos e integrantes de outros agrupamentos, sacrifícios para substanciarem deidades especificas e guardiões de suas moradas, invasões noturnas, sedução de pessoas das vilas e muito mais - e principalmente, aos olhares desta época "morrerem" por algumas noites e depois renascerem. Algo hoje facilmente explicável pelo uso de enteógenos e processos religiosos.

Dentro destas construções e de forma bem ampla vamos encontrar Taltos, Strigois, Mazzeris, Calüssaris, Vrykloakas, Russalkas, Russaliles, Berserkers, Ulfheadjars e uma infinidade de outros agrupamentos que a partir do século XV e principalmente no século XVII foram generalizados e referenciados anacrônicamente sob a alcunha de Vampiros pelo Cristianismo.A história é muito mais extensa do que isso, mas por aqui já conseguimos um novo olhar, bem mais aprofundado e diferenciado do senso comum.

Na Subcultura Gótica: O personagem do vampiro tem sua referencia calcada principalmente na produção cultural que vêm do século XVII em diante e nos filmes e romances do gênero.O vampiro na subcultura gótica é um dos muitos arquétipos visuais presentes na cena desde os anos oitenta e têm relação mais com "visual" e fashionismo como forma de questionar e transcender valores retrógrados da cultura dominante.A subcultura Gótica no Brasil tem como determinante o aspecto "Láico" (de não dar importância a vínculos religiosos ou místicos de quaisquer natureza) sendo assim o vampiro atualmente é mais uma forma de se vestir, ver o mundo e encontrar pessoas parecidas - com gostos, extravagâncias, intimismos, sonhos e caráter convergentes - e principalmente curtir obras do romantismo e a excelente produção de literatura fantástica no Brasil. No geral Góticos e Góticas Vampíricos, Góticos Não Vampíricos, Vampyricos, Vampyricas tendem a frequentarem os mesmos eventos e se relacionarem bem entre sí.

Na Subcultura Vampyrica: Esta Subcultura começa a se organizar nos Estados Unidos no começo da década de setenta, através da troca de correspondência entre escritores e também pessoas que alegavam viverem um modo de vida "vamp" em seu cotidiano. Sua ocorrência principal daquela década, foi a organização de um agrupamento coordenado por neopagãos nos arredores de Washingnton que se propuseram a explorar o vamp como arquétipo de poder e espiritualidade pagã.

Aos poucos a amizade das cartas, trocas de fanzines, encontros e vivências começaram a tomar lugar em eventos protogóticos entre os anos de 80 e 83.Depois disso, aos poucos esta cena começou a tornar-se uma Subcultura própria gerando seus próprios eventos e características - vale notar que nesta época a cena protogótica e mesmo os primeiros anos da subcultura gótica haviam uma grande mistura de públicos repleta de integrantes da cena GLBT, cena eletrônica, cena do BDS&M entre outras.

Esta Subcultura Vampyrica até hoje é marcada por duas vertentes uma "fashionista/láica/filosófica" que apreende o "Vamp" de forma visual e artística, extremamente inspirada e sofisticada - mas que não importa-se ou aprofunda-se em aspectos "místicos" ou vivenciais. A outra vertente, numericamente menor é "neopagã/politeísta/panteísta" e vivência o "Vamp", buscando por práticas e proximidades mais coerentes com o "histórico" (explicado anteriormente) mas respeitando o momento histórico, judicial, cultural em que vivemos na época de hoje.

Ambas as vertentes procuram respeitar um código de ética e de bom senso chamado Black Veil estabelecido em 1997 e re-paginado e simplificado oficializado em 2005.No qual a liberdade de cada um é respeitada, não permite-se menores de 18 anos na cena, não se comete atos de parasitismo e afins e não se utiliza sangue humano ou animal sob nenhuma hipótese. Sempre ressaltando que integrantes da Subcultura Gótica e da Subcultura Vampyrica vivem bem entre si e frequentam quase sempre os mesmos eventos - dada as proximidades de gostos e padrões de identidade compartilhados.
Para quem tem mais curiosidade sobre esta subcultura acesse www.vampyrismo.org.

Ademir Pascale: Como um respeitado expert no assunto, qual seria a sua opinião sobre os vampiros? Afinal, eles existem ou são apenas fruto da imaginação de um escritor?

Lord A.: Pensando em termos históricos, de antigos cultos de fertilidade da terra europeus extintos entre os séculos X e XII - baseados em processos extáticos, adoração de deuses e deusas e alguns grupos de cunho politeísta e outros pantesístas -
cujo os conteúdos foram folclorizados e distorcidos pela inquisição a partir do século XV e pelos doutores da igreja do século XVII em diante - minha resposta é "Sim".

Se agora me perguntarem se acredito no personagem folclorizado e demonificado surgido no século XV para uso político e religioso; na utilização do termo vampiro de forma genérica e anacrônica para classificar Deidades e personagens pagãos, ou ainda criminosos e déspotas cruéis - a minha resposta é "não".

Da segunda metade do século XVII em diante grupos espíritas, ocultistas e filosóficos, observando a expressiva receptividade do público a temática "Vamp", passaram a se apropriarem de forma adjetiva do mito para denominarem como Vamp, espíritos obsessores, pessoas problemáticas emocionalmente e até mesmo povos selvagens ou conteúdos pagãos provindos da Índia, Oriente Médio e do continente Americano. Estes conteúdos se desenvolveriam sempre de forma adjetiva e pertinente exclusivamente a forma de ver o mundo dos tais agrupamentos - não tornando algo realmente "Vamp" como eles pretendiam. Sendo assim não acredito nesta vertente forjada de "Vamps".

Ok, sou jogo duro nestas questões.No entanto, sou um admirador e colecionador da ampla produção cultural nacional e internacional (arte, prosa, poesia, romances, etc.) que desde a segunda metade do século XVII utilizam a imagem do vampiro de forma ficcional e estética para questionar a sexualidade, os tabus, os conflitos existenciais do ser humano e o que é realmente viver. Eu acredito que os personagens ficcionais "vampíricos" são uma importante ferramenta cultural para a educação e a inspiração das pessoas - na busca de uma vida interior mais erudita, plena e coerente.

Ademir Pascale: Quando o site www.vampyrismo.org foi ao ar e qual o seu principal público-alvo?

Lord A.: O site Vampyrismo.org é um site dedicado e destinado a prover filtros informacionais, cronologias, contexto e dicas sobre o que vem a ser Subcultura Vampyrica - para esta cena que aos poucos vêm se organizando no Brasil.

A principal função do site é hospedar uma série de projetos variados, alguns criados por mim e outros em parceria com profissionais criativos de diversos segmentos destinados aos Vamps do Brasil e também da América do Sul e Portugal.Sim, somos o primeiro site de todo o mundo a trazer informações exclusiva sobre este contexto em português e orientada pela realidade local.

Ele foi ao ar em algum momento no começo do ano de 2007. Ele é uma extensão natural do meu trabalho público com a temática Vampyrica iniciada ainda em 2003, reforçada com colunas de textos em sites renomados da Subcultura Gótica e também na cena Neopagã brasileira, publicados ininterruptamente a partir de 2004. É um site dedicado a pessoas que simpatizem com a temática, Vampyros, Vampyras e outros que amem a noite...

Ademir Pascale: Poderia falar sobre o Vox Vampyryca Podcast? Qual foi a receptividade dos ouvintes?

Lord A.: É um projeto que comecei a planejar ainda em 2007 e que estreou em Abril de 2009.É um programa de rádio em formato podcast onde apresento o programa em parceria com Lady Agatha Daae e temos toda assessoria e gravação no 80´s Studios, que pertence ao nosso técnico de som Dennis 80´s. No Vox Vampyrica informamos sobre aspectos de identidade e padrões culturais d temática Vampyrica e ainda sobre temas relacionados - com intervenções musicais de bandas e projetos muito apreciadas pelos integrantes da Subcultura Vampyrica.

Tivemos uma boa aceitação e incentivo de nossos ouvintes na estréia e ao longo dos primeiros programas.Aos poucos vamos trazer blocos de entrevistas com escritores, produtores culturais relacionados a temática, poesias gravadas pelos ouvintes. O programa é construído com o envio de idéias dos ouvintes através do e-mail: officinavampyrica@yahoo.com.br e sugestões enviadas na comunidade oficial, que fica em um grupo lá na Rede Vampyrica (www.vampyrismo.org/rede) e também através do blog oficial do programa que é o www.voxvampyrica.blogspot.com 

Ademir Pascale: Poderia falar mais sobre os seus projetos e workshops? Como os interessados poderão participar?

Lord A.: Entre os meses de março e outubro de 2006 fundei e concretizei sozinho o projeto Officina Vampyrica /Circulo Strigoi que é dedicado a geração de palestras, workshops, encontros abertos e celebrações neopagãs vampyricas.Desde seu inicio, tive a oportunidade de participar de alguns dos principais eventos brasileiros e sul-americanos sobre neopaganismo nos anos de 2007 e 2008 e ainda manter minhas atividades em espaços conceituados e respeitados - graças a qualidade do trabalho apresentado.

Nosso principal evento aberto chama-se "Encontro Vampyrico" e tem uma regularidade quase mensal, onde conversamos sobre diversos temas relacionados ao "Vamp" e as pessoas que mais se identificam podem passar por uma entrevista e participar de nosso curso de treinamento para vir a ser um integrante de nosso círculo.Para participar precisa ser maior de idade e demonstrar vivência, postura, maturidade, companheirismo e capacidade de acompanhar as pesquisas, aulas, vivências e alta demanda de leitura e práticas regulares do círculo.

Para saber mais de nossos conteúdos, encontros, cursos, workshops (abertos), workshops digitais, etc., visite a agenda de atividades do site www.vampyrismo.org/officinavampyrica ou envie um e-mail para officinavampyrica@yahoo.com.br .

Ademir Pascale: sobre Lord A. no meio literário: você escreve somente contos ou já escreveu algum romance?

Lord A.: Eu tenho um romance que escrevi ao longo da década de noventa totalmente ficcional e prosaico em um universo paralelo onde magos e vampiros são realidade - como nos filmes hollywoodianos e enfrentam conflitos entre si para obterem o poder sobre uma pessoa que irá nascer com grandes poderes...Mas como sou terrivelmente auto-crítico, deixo este romance de lado e acabo escrevendo contos e algumas poesias publicamente desde 1998/1999.

Em geral, trabalho com uma visão pagã e melancólica da selva de concreto urbana e seus habitantes, tentando saírem das próprias realidades que inventaram em suas mentes - e o preço que pagam por isso.

Atualmente estou colecionando fotos e relatos vivenciais de meus clientes da FangZ Culture - um estúdio onde criamos presas /caninos vampiricos personalizados e removíveis, www.vampyrismo.org/fangz - Ver o mundo com um sorriso Vampyrico, traz inspiração e poesias interessantes...

Ademir Pascale: Qual a sua opinião sobre os recentes livros do Brasil que abordam o tema vampiro?

Lord A.: Admiro, sou apreciador e colecionador! Temos uma expressiva e marcante produção cultural que envolvem o tema Vampiro no Brasil ao longo desta década.Tudo começou lá com o irc da Denise MG do site Vampirus Brasil, as pesquisas da Shirlei Massapust, depois veio o grupo do Yahoo chamado Tinta Rubra do Adriano Siqueira e do Deus Noite, de lá vieram Giulia Moon, Martha Argel, Eu e outros autores e amigos que partilham desta sede escarlate de narrar boas histórias.

Ainda no começo desta década tivemos o André Vianco, a Liz Vamp (que além de produzir quadrinhos, filmes curtos estabeleceu o Dia dos VampiroS), mais pro meio da década tivemos o Gianpaollo e a galera das coletâneas do Necrópolis e ainda já no final da década tivemos o Ademir Pascale, o Kizzy Issatis, o Nelson Magrini e a Guineverre com seu blog de contos inspiradíssimos. E para celebrar o final da década tivemos o lançamento das coletâneas Vampirus Brasil em 2008 e o lançamento da aguardada Draculea pelas mãos do Ademir.

Saindo do romance e partindo para a pesquisa histórica tivemos o livro "Vampiros do Marcos Torrigo" que apesar de alguns excessos thelêmicos em alguns capítulos é a melhor referência sobre as lendas e mitos produzida por um Brasileiro - até hoje!. Entre os anos de 2003 e 2008, cataloguei a única relação sobre obras vampiricas produzidas no Brasil (teatro, cinema, zines, quadrinhos, literatura, etc.) da década de 30 até os dias atuais - utilizada muitas vezes por jornalistas, que não lhe dão os devidos créditos e e atualmente ela pode ser acessada em www.vampyrismo.org/cronologia

Ademir Pascale: Quais locais ou pontos turísticos você indicaria na cidade de São Paulo para os interessados na subcultura gótica conhecerem mais a arte e até a história do mundo dos vampiros?

Lord A.:Pergunta Estranha! Mas vamos lá, primeiro visitem a Galeria do Rock dêem um pulo nas lojas Profecias, Lady Snake, ScaryBats e Black Rose. Em seguida visitem a galeria 24 de Maio dêem um alô na Soulshadow (uma das mais tradicionais lojas do gênero musical gótico da cidade) e em seguida visitem a Zoyd Music no mesmo andar. Para caçarem livros nacionais e importados, digitem "vampiro" no site www.estantevirtual.com.br e passeiem pelo rico acervo dos sebos presentes no Centro Velho de São Paulo na hora do Crepúsculo...

Eventos Góticos também existem na agitada vida noturna de São Paulo, os mais interessantes, seguros e higiênicos aparecem lá nas agendas de sites como www.themaozoleum.com e outros - Sobre arte e história do mundo dos vampiros, fiquem atentos as novidades na agenda do site www.vampyrismo.org/agenda.html

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Lord A.: Sim Existem.Vêm aí o meu primeiro livro neste ano de 2009 - demorou bastante para concluir e revisar - o conteúdo ficou bem abrangente e dentro de um bom grau informativo.Futuras novidades, incluem um fanzine periódico de distribuição via internet chamado Letras Escarlates elaborado conjuntamente com os integrantes da Rede Vampyrica (www.vampyrismo.org/rede, alguns Ebooks, Conferências Digitais e em algum momento um evento periódico - se eu conseguir até lá manter a dura alquimia do trabalho profissional, vida pessoal e atividades da carreira diurna - que não são poucas.

Perguntas Rápidas:

Um livro: História Noturna: Decifrando o Sabá de Carlos Ginzbourg
Um(a) autor(a): Robert Graves
Um ator ou atriz: Maila Nurmi
Um filme: São dois, The Hunger e Entrevista com o Vampiro
Um dia especial: Foram várias Noites....Difícil escolher uma!
Um desejo: Mais alguns Desejos!

Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso. Um grande abraço.

Lord A.: Fortuna, Prosperidade e Triunfos a você Ademir. 

 

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Lord A.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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