ENTREVISTA COM O ESCRITOR SÉRGIO PEREIRA COUTO

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Sérgio Pereira Couto.
 (17/08/09)

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Sérgio Pereira Couto - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Quais foram as principais influências e como foi o início de Sérgio Pereira Couto para o meio literário?

Sérgio Pereira Couto: Na verdade o começo foi meio que uma alternativa para o já saturado mercado de jornalismo. Sempre gostei de literatura e era meu sonho fazer um livro de entrevistas com um assunto pouco conhecido do público. Adoro livros históricos como os de Bernard Cornwell e Valério Massimo Manfredi, que trazem a História Antiga de uma maneira agradável. Queria fazer o mesmo, mas em outro segmento. Por uma questão de afinidade optei por usar meus contatos para obter entrevistas com as principais sociedades secretas como Rosacruz, Templários, Maçonaria, Priorado de Sião, Teosofia e Illuminati. Depois de passar pelo menos três anos à caça desse pessoal, consegui as entrevistas e montei meu livro no tempo exato em que a editora onde eu trabalhava começava a criar sua divisão de livros. Coloquei o material nas mãos deles e se interessaram. Queriam apenas que eu romanceasse o material, já que uma história é mais fácil de passar o conteúdo do que um simples livros de entrevistas. Quando topei, nasceu assim a primeira versão do romance SOCIEDADES SECRETAS, que era em formato brochura e que circulou em bancas. Com apenas oito capítulos, foi publicado pouco tempo depois do aparecimento de O Código da Vinci. Com o passar do tempo e o crescente interesse do público, a editora optou por lançar uma segunda edição voltada para livrarias com o resto do material que eu tinha e que havia ficado de fora. A segunda versão saiu com 12 capítulos extras e ganhou as prateleiras das livrarias e alguns lugares alternativos, como postos de gasolina e supermercados. Hoje já foram vendidos mais de 30 mil cópias das duas edições, o que fez com que a editora optasse por lançar uma terceira edição, que eles batizaram como DE LUXO, com capa e projeto gráfico novos, que será lançada no próximo dia 10 de setembro, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon. E foi a partir daí que surgiram outros títulos de pesquisa, como MAÇONARIA, ILLUMINATI, TEMPLÁRIOS e até um sobre a verdade histórica por trás do Código da Vinci, todos sob a marca SOCIEDADES SECRETAS. Mais recentemente, em 2008, publiquei a continuação do romance, SOCIEDADES SECRETAS – O SUBMUNDO, com mais grupos e seitas do que o primeiro. Daí para frente me dediquei a escrever mais sobre o assunto e terminei por ampliar o escopo de participação, escrevendo livros de pesquisa nas áreas de história antiga e medieval, além de publicar outros romances, como o policial INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (que está em primeiro lugar entre os mais vendidos do gênero da Livraria Saraiva) e RENASCIMENTO, meu primeiro trabalho por outra editora.

Ademir Pascale: Com inúmeros títulos já publicados, qual mais lhe marcou e por quê?

Sérgio Pereira Couto: Definitivamente foram os romances. Há muitos leitores que entram em contato porque adoraram minha biografia introdutória sobre Hitler ou minha análise histórica sobre os piratas, mas nenhum livro dá tanta repercussão quanto os romances. Todos o SOCIEDADES SECRETAS vem acompanhados da mesma pergunta: se a história em questão é real ou não. Todos querem saber se os fatos relatados nos dois romances (SOCIEDADE SECRETAS e SOCIEDADES SECRETAS – O SUBMUNDO) realmente aconteceram. Essa curiosidade foi tanta que terminou por gerar um ciclo de palestras sobre o tema, que apresento mensalmente na Livraria Cultura do Shopping Bourbon desde março de 2009. Com o sucesso de INVESTIGAÇÃO CRIMINAL a quantidade de e-mails que recebo pedindo mais aventuras do CSA (Crime Scene Analyst) Tony Draschko cresceu muito e no momento estou estudando com o editor uma possibilidade de lançar uma continuação. Essa interação do público com nossas obras é simplesmente incrível e o prazer que te dá de ter acertado no gosto do público é algo que não tem preço, parafraseando a propaganda.

Ademir Pascale: Com a soma de todos os seus títulos, você tem uma estimativa de quantos exemplares já foram vendidos?

Sérgio Pereira Couto: As últimas informações que recebi dão conta de que a segunda edição do SOCIEDADES SECRETAS está no fim e que INVESTIGAÇÃO CRIMINAL segue na mesma linha. Com as vendas dos livros de pesquisa, que já estão num número razoável de títulos, a editora afirma que minha obra completa (ou seja, todo o conjunto de livros lançados, ficção e não-ficção) já somam mais de 150 mil exemplares. Inclusive já tenho um livro publicado na Espanha e outros títulos estão em análise em outros países. Isso se deve, principalmente, ao trabalho em conjunto com a editora, que tem apoiado bastante as atividades como palestras e mesas redondas, além de dispor de uma distribuição muito boa. Sem esse trabalho em conjunto de editor e escritor, o sucesso de vendas é algo impossível.

Ademir Pascale: O seu livro Investigação Criminal atingiu o primeiro lugar na Livraria Saraiva entre os mais vendidos do gênero policial em agosto. No seu ponto de vista, além da qualidade literária e do seu excelente desempenho na produção da obra, quais são os pontos mais fortes e chamativos que atrai tanto o público para os mistérios das investigações criminais?

Sérgio Pereira Couto: Quando fui editor da revista Ciência Criminal já sabia os pontos fracos e fortes desse assunto. O interesse do público se deve principalmente às séries de TV como CSI e afins. Elas mostraram que o crime é algo pesado e difícil de lidar, mas que, com certas doses de ficção e uma boa trama, pode se transformar num entretenimento bastante interessante. Senão escritores como Raymond Chandler e Agatha Christie já teriam caído no esquecimento. Outro ponto que fortalece minha obra é o fato de, como SOCIEDADES SECRETAS, ter sido calcado numa pesquisa exaustiva feita com CSIs verdadeiros do laboratório forense da cidade de Little Rock, no Arkansas, Estados Unidos, e com as entrevistas feitas com o pessoal da Polícia Técnico-Científica de São Paulo. Lembro, inclusive, de uma conversa com Celso Perioli, coordenador de lá, que quando leu o livro veio me cumprimentar. Disse que era o primeiro que ele lia e que não conseguia descobrir quem era o assassino. Também acrescentou que, para eu ser um perito, só faltava me graduar, já que conhecia toda a teoria (risos). E também foi essencial a participação da pesquisadora e escritora Ilana Casoy, que teve a gentileza de ler meu livro como uma leitora beta e devolveu-o com observações importantes e um texto onde fala sobre o que achou da trama, que colocamos na quarta capa do livro. Consegui, assim, um romance policial que agradou gregos e troianos e que me deu muito orgulho em publicar e agora ver que teve o reconhecimento que merece. E é isso que o público quer: histórias onde haja fatos embasados corretamente. É assim que as pessoas aprendem sem perceber.

Ademir Pascale: Admiro muito o seu trabalho, garra, força de vontade e determinação. Noto que seus livros são elaborados através de exaustivas pesquisas. Quanto tempo você demora em média para escrever um?

Sérgio Pereira Couto: Obrigado. Admiro muito o trabalho de pessoas que, como você, também se dedicam não apenas a escrever como também a divulgar o trabalho dos outros escritores. Na verdade o tempo de pesquisa varia de acordo com o tema proposto. Por exemplo, hoje já disponho de um arquivo considerável de textos, vídeos, gravações e obras de consulta sobre sociedades secretas que me permite falar sobre quase todas elas, seja daqui ou do exterior. Completo isso com pelo menos três a seis entrevistas e tenho material completo para escrever mais um livro. Porém Há outros assuntos, como um trabalho recente sobre a história da bruxaria (SEGREDOS DA BRUXARIA), que levou muito mais tempo, cerca de dois meses. A própria pesquisa para o policial INVESTIGAÇÃO CRIMINAL levou onze meses, entre entrevistas com o pessoal de Little Rock e os peritos da Polícia Técnico-Científica. Meu livro sobre a história dos códigos (CÓDIGOS E CIFRAS: DA ANTIGUIDADE À ERA MODERNA) levou oito meses e meu livro sobre as lendas urbanas do rock (SEGREDOS E LENDAS DO ROCK), seis anos. Porém, como jornalista, possuo uma boa fonte de contatos, que me esforço para expandir a cada ano. Foi por ela, por exemplo, que recolhi as belíssimas ilustrações de Gustave Doré sobre o Judeu Errante que foram a base do meu romance RENASCIMENTO.

Ademir Pascale: Por favor, fale mais sobre as suas palestras, receptividade do público, etc.

Sérgio Pereira Couto: Comecei com uma palestra sobre Mitos e Lendas da Idade Média, que ministrei na Livraria Cultura da Avenida Paulista em 2007, quando do lançamento do meu livro RENASCIMENTO. O público adorou e gerou uma reportagem sobre o assunto para a revista Leituras da História. Depois, no ano seguinte, fiz um debate no mesmo local com nada menos do que seis representantes de sociedades secretas quando do lançamento do romance SOCIEDADES SECRETAS – O SUBMUNDO. Graças à receptividade do público foi criado o I Ciclo de Palestras Sociedades Secretas, que ministro na Livraria Cultura do Shopping Bourbon uma vez por mês. A cada palestra faço um misto de palestra com conversas com o público, acompanhado de exibição de documentários exclusivos e participações de membros das sociedades secretas enfocadas naquela ocasião. O público começou tímido, mas aos poucos cresceu de maneira significativa, a ponto de precisar expandir o ciclo de seis palestras para nove, tomando quase todo o ano. Meus romances foram bem divulgados nessas ocasiões e o público tem participado bastante, por meio de perguntas ou até de grupos das sociedades secretas que vão até lá para prestigiar o convidado da noite. As atividades já chamaram a atenção de grandes veículos como o site Vírgula (da Jovem Pan), da própria Livraria Cultura (que gravou uma entrevista comigo sobre os Illuminati quando do lançamento do filme Anjos e Demônios) e da revista Istoé, que publicou um artigo na edição de quatro de agosto de 2009 sobre o assunto, no qual fui um dos entrevistados. A quantidade de e-mails de leitores aumentou significativamente, bem como as visitas ao meu blog. São resultados bem satisfatórios e que abrem um terreno interessante para os próximos projetos.

Ademir Pascale: Quais dicas você daria para os autores em início de carreira?

Sérgio Pereira Couto: Basicamente duas: leiam muito e escrevam mais ainda. É importante que saibamos pesquisar um assunto de maneira correta, pois a profundidade somente retrata o nível de qualidade que você quer impor à sua obra. E escrevam muito: um estilo pessoal não é descoberto no primeiro ou segundo trabalhos. Demora muito para termos algo que podemos chamar de estilo, por isso é importante termos a mente aberta. Leiam de tudo um pouco, procurem referências literárias, freqüentem eventos literários para poderem conversar com outros autores iniciantes e, o principal, escrevam e procurem obter opiniões de terceiros para notar sua evolução de estilo. Ah, sim, e sempre que possível, procurem um curso, uma palestra ou um worskshop que posam passar para vocês noções de teoria literária. Coisas como dicas de construção de personagem, de cenário, de trama, entre outros. Informação é importante para o jornalista, mas mais importante ainda para o escritor.

Ademir Pascale: Onde os leitores poderão saber mais sobre Sérgio Pereira Couto?

Sérgio Pereira Couto: Para maiores informações sobre o que faço e apronto por aí (risos), basta acessar meu blog chamado Canto do Oráculo (cantodooraculo.wordpress.com). Lá coloco tudo, de contos a artigos, de notícias a eventos, de textos inéditos a impressões, de vídeos a atualizações do Twitter. E falando nisso, quem tiver Twitter basta me acrescentar (spereirac) ou me procurar no Facebook, no Skoob (de livros) e no Orkut. Além de ter um canal direto comigo por email, que divulgo apenas para quem entrar em contato por uma das alternativas acima para evitar spams. Estou aberto a tudo, de críticas a sugestões. E não deixo nenhum e-mail ou scrap sem resposta.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Sérgio Pereira Couto: Vários deles. No momento posso divulgar apenas que estou envolvido na coordenação de uma coletânea de contos policiais (cujo nome ainda está em discussão), na elaboração de um novo romance policial envolvendo uma banda de rock famosa e na coordenação de um novo ciclo de palestras na Livraria Cultura para 2010, com o apoio da revista Leituras da História. Para quem gosta de história antiga e medieval, há ainda outros projetos que estarão em divulgação em breve, apenas dependendo de fechar apoios. Assim que estiverem confirmados serão divulgados para seus leitores.

Perguntas Rápidas:

Um livro: A Simples Arte de Matar, de Raymond Chandler
Um(a) autor(a): Ken Follett. Os Pilares da Terra e Mundo Sem Fim são sagas históricas emocionantes.
Um ator ou atriz: Robert de Niro e Michelle Pfeiffer. Stardust não teria sido o mesmo sem eles. Ambos excepcionais.
Um filme: O Nome da Rosa. Adoro o clima do diretor Jean-Jacques Annaud e o fato de ter sido rodado num mosteiro de verdade, na Alemanha, que produz vinhos caríssimos.
Um dia especial: Sábado. É o dia em que me sinto mais inspirado para escrever, falar e pesquisar em bibliotecas empoeiradas.
Um desejo: Que o mercado editorial, principalmente o que mexe com ficção nacional, se expanda a ponto de dar espaço para cada vez mais escritores novatos.

Ademir Pascale: Foi um prazer conversar contigo. Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias. Forte abraço.

Sérgio Pereira Couto: Obrigado, Ademir, pela oportunidade de conversar. Espero que o site agregue cada vez mais talentos literários. E vamos em frente em busca do domínio do mundo editorial!

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Investigação Criminal - Sérgio Pereira Couto

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Sérgio Pereira Couto.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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