ENTREVISTA COM O ESCRITOR MARCELLO SALVAGGIO

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Marcello Salvaggio.
 (13/01/10)

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 Marcello Salvaggio - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Quando e como surgiu o seu interesse pela literatura?

Marcello Salvaggio: Comecei a me interessar por literatura por volta da sétima série, por meio dos livros de Júlio Verne e Emilio Salgari, que pegava da biblioteca da escola. Como tenho descendência italiana e leio o idioma fluentemente, passei por Calvino, Buzzati, Dante, Ariosto e outros, embora meu primeiro choque literário tenha sido com Kafka. Dos brasileiros os primeiros a me interessar foram os poetas, como Cruz e Souza, Manuel Bandeira, Álvares de Azevedo e Drummond. Entre os prosadores, depois passei a gostar muito de Clarice Lispector, Murilo Rubião e Guimarães Rosa. Asimov, com a saga da Fundação, foi minha primeira leitura de ficção científica hard, enquanto Moorcock (com a série de Elric de Melniboné) me marcou mais do que o próprio Senhor dos Anéis no campo da fantasia heróica.

Ademir Pascale: No que você se inspira para criar as suas histórias?

Marcello Salvaggio: Tenho diversas fontes de inspiração, desde a literatura a jogos, animes, mangás, hqs, filmes, seriados e obras de mitologia e ocultismo. Me inspiro também um pouco no dia a dia (este, por incrível que pareça, rende algumas situações bastante fantásticas!) e diversas pessoas que conheço serviram como bases na criação de personagens. No que diz respeito à mitologia, a que mais me atrai e influencia na criação de histórias mesmo que indiretamente, quando não faço referências diretas, é a indiana. Há algum tempo leio textos como os Puranas, o Ramayana e trechos do Mahabharata (inteiro é trabalho de uma vida!), além de livros teóricos como Filosofias da Índia de Heinrich Zimmer. Outras mitologias que me atraem são a nórdica, a judaica, a grega e a japonesa. Em relação ao ocultismo, gosto dos livros espíritas de J.W. Rochester e leio com freqüência obras clássicas de alquimia (Filaleto, Basile Valentim, Flamel, etc) e estudos a respeito, além dos tratados de magia de Papus e Eliphas Levi, entre outros, o que constituiu o embasamento para a magia presente em minhas histórias. Animes acompanho desde Yu Yu Hakusho e Cavaleiros do Zodíaco dos tempos da TV Manchete, mas os que têm me inspirado recentemente são os de cunho mais adulto, como Berserk e Claymore, assim como Sandman e Hellblazer no caso das hqs. Os jogos que me renderam boas inspirações foram os das séries Zelda e Final Fantasy, Chrono Trigger, Valkyrie Profile e Xenogears, todos rpgs.

Ademir Pascale: Fale um pouco sobre o seu romance O Elo, Cap. 1 (Editora Ísis), escrito em coautoria com Valerio Oddis Jr. Vocês já tem previsão para o capítulo 2?

Marcello Salvaggio: O processo de criação deste livro foi bastante curioso. Sempre gostamos muito de ficção científica e fantasia e gostávamos de criar histórias enquanto conversávamos ao telefone. A princípio pensávamos em criar jogos, mas depois que colocamos as primeiras idéias no papel e com o incentivo de alguns amigos decidimos escrever um livro. Foi um longo trabalho, por volta de dez anos, ao longo do qual fomos trocando idéias e escrevendo. O livro se passa em um mundo em que a magia convive, em algumas civilizações deste, com uma tecnologia alternativa. A base do funcionamento das máquinas é um minério denominado karman. Os principais personagens são: Erik Donar, um mercenário repleto de marcas de batalha, que acaba por cair nas garras do que parece ser um anjo caído; Sofia Simurg, uma maga com séculos de idade, que prolonga sua vida por meios misteriosos; Aido, que vive em Yamato, um país com base no Japão antigo e suas lendas; Judas Schlemiel, principal rival de Sofia, o obscuro reitor de um colégio de magos cujas concepções foram inspiradas em estudos sobre Thelema, Alquimia e outros sistemas místicos; e Tirésias, o sábio vidente cego e andrógino que conhece os segredos da Trissência, que em nossa saga é o princípio trino que permite a manifestação dos universos. Quanto ao segundo livro, está escrito e esperamos que possa ser publicado o mais breve possível.

Ademir Pascale: Como está sendo a receptividade dos leitores com O Elo, Cap. 1?

Marcello Salvaggio: Mesmo que por enquanto tenha obtido os pareceres de poucos leitores, para mim já é gratificante que estejam lendo minhas histórias. E nada é melhor do que ouvir um leitor perguntar quando sairá a continuação.

Ademir Pascale: O que o leitor poderá encontrar no romance A Chave da Harmonia, Rachaduras na Ordem (Editora Protexto)?

Marcello Salvaggio: A Chave da Harmonia também pertence à saga da Trissência, porém se passa em outro universo, que seria o nosso, milênios após os eventos narrados em O Elo. Trabalho neste romance com alguns conceitos da teosofia, introduzindo elfos, anões e duendes como espécies humanas de um passado distante. Junto com eles, estão presentes dragões, kumaras (seres de Vênus que são praticamente deuses, vivendo livres entre o mundo físico e o plano astral, e que por isso podem persistir em um planeta aparentemente inóspito), gárgulas (uma espécie ficcional cuja criação devo ao meu amigo Valerio Oddis, criaturas que se parecem com demônios, mas na verdade são criações dos kumaras) e os gahinim (seres que em outros tempos possuíram um grande império espacial, mas que “caíram” e foram exilados por forças superiores no plano espiritual da Terra, alguns destes sim vindo a ser os monstros que consideramos como senhores do “inferno”). Nesta obra as personagens femininas possuem um bom destaque, a começar por uma irmandade de guerreiras, as disiras. Procurei criar uma civilização coerente, por mais fantástica que seja, e não há maniqueísmos fáceis, tanto que mesmo entre os gahinim há indivíduos de boa índole, ao passo que os elfos são um povo em transformação, distantes de serem perfeitos. Quem se interessa por temas tratados no esoterismo, como a projeção astral, poderá encontrá-los com uma certa profusão.

Ademir Pascale: Além do blog www.erikeaido.blogspot.com, onde os internautas poderão saber mais sobre as suas últimas notícias e obras?

Marcello Salvaggio: Costumo fazer minha divulgação também através do meu perfil no orkut: clique Aqui, e leitores e mesmo outros autores que quiserem entrar em contato comigo e trocar idéias podem me escrever à vontade: marsalvaggio@yahoo.com.br.

Ademir Pascale: A maioria dos escritores iniciantes e veteranos brasileiros, passam por diversos obstáculos para conquistarem leitores e posteriormente uma obra. Como foi a sua jornada até chegar nas obras impressas?

Marcello Salvaggio: Os primeiros textos que escrevi foram contos e algumas fanfics que expus em fóruns de animes, e que até tiveram uma boa receptividade. Com relação às editoras, fui selecionado pela Protexto para publicar a Chave da Harmonia – Livro 1 através do seu Projeto Lume para novos autores, e a única reclamação que tenho a fazer é quanto a não ter podido dar qualquer sugestão a respeito da capa, que reconheço que ficou pobre. Porém o contrato me proibia de interferir no projeto gráfico. A Ísis, editora de O Elo – Capítulo 1, possui um bom sistema de distribuição e fez um excelente trabalho gráfico. O processo de impressão acabou sendo mais demorado para que o texto se adequasse à reforma ortográfica. Mas é daí justamente que tivemos alguns problemas: a revisora não fez um trabalho tão bom quanto o esperado e cometeu diversos erros, talvez por pressa, principalmente no que diz respeito à pontuação. Infelizmente confiei no trabalho e quando vi o livro já estava impresso com estes erros. Devo dizer que só o que falta à Ísis são bons revisores, ou que estes sejam mais exigidos. O colega Rafael G.Lima, que também vai publicar pela Ísis o romance Aura de Asíris, enfrentou um problema semelhante. Não tive problemas quanto à revisão de A Chave da Harmonia – Livro 1 porque a editora me deu a liberdade para contratar um revisor de confiança, e este foi meu amigo Saint-Clair, também escritor.

Ademir Pascale: Você acha que o leitor brasileiro sofre influência do cinema, diferente de outros países que estão mais adeptos à leitura?

Marcello Salvaggio: Sim, talvez por isso muitos prefiram uma narrativa mais rápida, privilegiando um foco semelhante aos dos filmes de ação e aventura. Porém acho que o público brasileiro é maior e mais variado do que se pensa, embora mal-aproveitado e sub-valorizado, havendo espaço para diferentes tipos de obras.

Ademir Pascale: Quais dicas daria para os novos autores?

Marcello Salvaggio: Para que leiam e pesquisem bastante antes de escrever, principalmente se têm a intenção de criar um universo ficcional complexo. Que não tenham preconceitos com relação a outras culturas e pontos de vista. E que não desistam de seus sonhos, mesmo se vierem críticas negativas, pois não existe uma obra perfeita e que agrade a todos. O importante é ser lido e, quando se é criticado com razão, buscar corrigir os erros com humildade, sem nunca perder o prazer de escrever. O ideal também é escrever com alguma regularidade, diariamente se possível, mesmo que poucas linhas, e procurar sites de divulgação como o Cranik.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Marcello Salvaggio: Estou trabalhando há um ano e meio em uma saga, A Rosa e a Cruz, cujo primeiro livro disponibilizei virtualmente (www.erikeaido.blogspot.com/2009/09/rosa-e-cruz.html). A trama, com alguns elementos de terror e história alternativa, se passa em uma realidade em que ocorreu uma catástrofe global por volta do ano 1000 d.C, aproximadamente de acordo com as crenças de fim de mundo da época. O tempo passou e no século XXI a Igreja ainda domina o mundo, e não só o ocidental, o cristianismo tendo se difundido no extremo oriente, se bem que com peculiaridades e sincretismos. O tribunal da Inquisição é forte, o islamismo praticamente desapareceu, a tecnologia pouco avançou, com o saber nas mãos de poucos, e demônios caminham pela Terra, combatidos por guerreiros conhecidos como cruzados, que teriam o sangue de Cristo, obtido após a conquista do Santo Graal, correndo em suas veias. Porém nem tudo é como parece! A América, neste universo, talvez sequer exista, pois além do velho mundo há um temido mar repleto de monstros, o “mar tenebroso”. Bruxas, alquimistas e magos, além de anjos e outros seres mágicos, estarão presentes ao longo da série.

Perguntas Rápidas:

Um livro: A Divina Comédia
Um(a) autor(a): Frank Herbert
Um ator ou atriz: Al Pacino
Um filme: 2001, Uma Odisséia no Espaço
Um dia especial: Todos os dias têm seu encanto, sua magia
Um desejo: Que possa continuar escrevendo, em paz comigo e com as pessoas

Ademir Pascale: Deseja encerrar a entrevista com algum comentário?

Marcello Salvaggio: Gostaria de agradecer pelo espaço e parabenizá-los pelo trabalho de divulgação de novos autores. Também acho importante salientar que os novos escritores se unam e divulguem os trabalhos uns dos outros. Com o gênero crescendo, todos crescemos, as editoras pouco a pouco abrindo cada vez mais portas com a conquista de novos leitores. Um grande abraço a todos!

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A CHave da Harmonia e O Elo: Cap. 1: A Coluna - Marcello Salvagio

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado:  Marcello Salvaggio.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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