ENTREVISTA COM O ESCRITOR ALFER MEDEIROS

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Alfer Medeiros.
 (15/09/10)

CONHEÇA O LIVRO O DESEJO DE LILITH. CLIQUE AQUI

 

Alfer Medeiros - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Primeiramente agradeço por ceder a entrevista. Gostaria de saber quais foram as suas principais influências e o seu início para o meio literário.

Alfer Medeiros: Eu é que agradeço pelo apoio.
As minhas influências, de um modo geral, surgiram das mais variadas vertentes do terror, em diversas mídias. Meu primeiro contato com o gênero, ainda na infância, foi através do cinema (principalmente com Cronemberg, Romero e Hooper). Na adolescência, caí de cabeça nos quadrinhos (Calafrio, Mestres do Terror, Monstro do Pântano) e literatura (King, Poe, Lovecraft, Straub). Meu gosto musical, fortemente calcado no heavy metal, também trouxe algumas boas influências, através de King Diamond/Mercyful Fate, Black Sabbath, Slayer e Cannibal Corpse.
Falando particularmente de lobisomens, comecei nos anos 80 com o filme Um Lobisomem Americano em Londres e depois me aprofundei no assunto através das poucas opções de leitura em português que consegui. As histórias que o pessoal costuma contar, principalmente nas cidades do interior, também ajudaram bastante a alimentar esse fascínio pelos licantropos.

Ademir Pascale: Como surgiu a ideia para a criação da obra Fúria Lupina?

Alfer Medeiros: O interesse pelos lobisomens já existia a um tempo considerável, mas nunca antes eu havia pensado em escrever sobre isso. A fagulha criativa inicial surgiu quando escrevi uma letra para a banda Horror Office, chamada Howling to the Moon, versando sobre o poder dessas criaturas. Como é uma banda de horror punk, o tamanho dessa letra precisou ser reduzido, para se adequar à métrica do estilo, e assim muitas ideias que tive precisaram ficar de fora. A partir daí, passei a lapidar minha visão particular do tema, levantando o que eu gostaria de ver em um bom material sobre lobisomens: quais fatores dispensáveis dos filmes ruins poderiam ser suprimidos, que novas idéias eu poderia apresentar, quanto das tradicionais lendas brasileiras e européias poderia ser aproveitado.
Quando, em novembro de 2009, acabei tendo uma folga em algumas atividades que exercia, aproveitei esse tempo livre para colocar em prática o ambicioso projeto de escrever um livro. Foi um grande desafio porque, além de nunca ter escrito contos ou romances até então, eu também quis situar a trama em um contexto real, passando por diversas datas. Isso demandou um trabalho de pesquisa que durou dois meses. Depois, montei o esqueleto da história e passei os seis meses seguintes escrevendo e revisando as mais de trezentas páginas de conteúdo que formaram o projeto.
Foi muito interessante exercitar a mente com esse conteúdo, pois muitas coisas foram surgindo no decorrer da sua produção, em ritmo alucinante. Quando me dei conta, havia idealizado cenas e mais cenas para utilizar, mas tinha pouco espaço para encaixá-las. Por causa disso, ao acabar o primeiro livro, já tinha um roteiro completo para o segundo (que começarei a escrever no próximo ano) e mais algumas premissas para o terceiro. Apesar disso, não se trata de uma trilogia, são livros independentes entre si.

Ademir Pascale: E quais as suas expectativas para o lançamento que ocorrerá em S. Paulo no dia 25/09?

Alfer Medeiros: Sou um autor iniciante, e por conta disso não sei ao certo o que me aguarda, é muito nebuloso ainda, tudo é novidade. Espero que este seja o primeiro de muitos livros, e principalmente que não me dê prejuízo financeiro! (risos) Tem sido um grande esforço fazer todo o processo de impressão, divulgação e preparação de vendas em um esquema totalmente independente, mas foi a melhor maneira que encontrei para chegar onde queria, sem concessões de arte e conteúdo. Algumas propostas de “parceria” me foram apresentadas, nas quais não vi vantagem alguma, e elas também me auxiliaram na decisão de lançar por conta própria.
Para o evento no Bardo Batata, dia 25/09, o que espero é rever amigos, conhecer outras pessoas com as quais só tenho contato via internet, conversar bastante, aproveitar esse clima legal de lançamento. Sempre é bom ter contato com um público de gostos similares, que tenha algo proveitoso a dizer, experiências interessantes a compartilhar.

Ademir Pascale: Em seu blog http://furialupina.blogspot.com, você anunciou alguns kits promocionais na compra do livro Fúria Lupina. Fale mais sobre eles e como os interessados deverão proceder para adquiri-los.

Alfer Medeiros: Optei por oferecer alguns itens adicionais no lançamento, que compusessem um conjunto interessante dentro da identidade visual do projeto, sem onerar proibitivamente o custo do produto final. Houve um grande trabalho de triagem de itens e fornecedores, buscando o melhor pacote. Meu irmão, que é designer e publicitário, me ajudou nessa busca. O resultado foi a criação de três tipos diferentes de kits para o lançamento:
- KIT ALFA: livro, marcador, adesivo, sacola, camiseta e caneca; - KIT BETA: livro, marcador, adesivo, sacola e camiseta; - KIT ÔMEGA: livro, marcador e sacola.
Depois do evento, havendo interesse do pessoal que não pôde comparecer, nós comercializaremos os kits alfa e beta, além do livro em si. No próprio dia 25, eu colocarei instruções de venda pela internet, no blog Fúria Lupina.

Ademir Pascale: Num Brasil quase dominado pelos vampiros, como está sendo a receptividade do público com a ideia de um lançamento de uma obra sobre lobisomens?

Alfer Medeiros: Tem sido excelente! Como disponibilizei os sete primeiros capítulos do livro no blog, muita gente já tem uma noção do estilo de narrativa e do ritmo do texto. O retorno que os leitores têm dado sobre os capítulos é gratificante. O mais interessante é haver um interesse crescente por parte de pessoas que não são leitores costumeiros do gênero horror, mas que são fascinados pelo mito do lobisomem, com o qual têm contato através de causos contados por amigos, parentes ou conhecidos. Muitos também reclamam por termos muito pouco material sobre o assunto, em comparação com o volume de conteúdo produzido sobre vampirismo.

Ademir Pascale: Qual a sua visão sobre o mercado editorial brasileiro? Está sendo fácil publicar ou ainda existem barreiras?

Alfer Medeiros: Percebo um certo caos, pois vejo muitas opções para lançar uma obra literária, mas pouco do que temos é realmente vantajoso para o escritor. O caminho é árduo para o autor iniciante (uso este termo para referenciar uma pessoa que está entrando agora no mercado literário, não necessariamente alguém que tenha começado a escrever recentemente). As grandes editoras ignoram sua existência, pois preferem investir em escritores já consagrados. Uma boa parcela dos leitores, infelizmente, acha que autores nacionais são todos derivativos e de baixa qualidade. As editoras de pequeno e médio porte, que são as que mostram algum tipo de interesse pelos iniciantes, não querem se arriscar, e na maioria das vezes oferecem estratégias onde o autor precisa financiar parcialmente (ou totalmente) a produção do livro.
Além de tudo isso, o processo de avaliação de originais é lento, e muitas vezes o autor fica sem um retorno por parte das editoras, seja ele positivo ou negativo. Apoio das editoras na divulgação e na distribuição da obra também são itens que precisam melhorar muito, pois temos visto muitos autores batalhando sozinhos para levar seus livros ao público.
Antes de lançar o Fúria Lupina, fiz um exaustivo trabalho de pesquisa sobre as opções do mercado editorial brasileiro. Recebi propostas de editoras para lançamento sem custo, e também solicitei diversos orçamentos junto a prestadores de serviços editoriais. No fim das contas, acabei optando por lançar o livro de modo independente, preferindo depender de mim mesmo, ao invés de arriscar sofrer algumas decepções com parcerias desvantajosas.

Ademir Pascale: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?

Alfer Medeiros: Na minha opinião, existem três pilares básicos para quem escreve: leitura, prática de escrita e atualização. A leitura fornece riqueza de vocabulário e assimilação de estilos, além de manter a imaginação em funcionamento, o que é essencial para o escritor. A prática de escrita é vital, pois a cada novo texto o autor vai ficando com mais desenvoltura no desenvolvimento do conteúdo, ao passo que também vai estabelecendo seu estilo próprio. A atualização é um item mais amplo, e que merece tanta dedicação quanto os anteriores. Aqui, há diversas possibilidades, como pesquisa sobre assuntos a escrever, cursos e oficinas para melhorar o processo de desenvolvimento de textos, e até um networking com autores e editores, uma troca de impressões e experiências.
Além de tudo isso, também é interessante o autor saber onde está pisando. Sempre é bom conhecer um pouco mais sobre o passado de editoras ou projetos literários antes de fechar qualquer tipo de parceria. Absorver informações de experiências anteriores de outros autores também é um bom aprendizado nesse sentido. Resumindo: evite cair em armadilhas, pois elas estão espalhadas por aí.

Ademir Pascale: Existem projetos em pauta?

Alfer Medeiros: Atualmente estou escrevendo o Livraria Continuum Limítrofe, livro sobre um estabelecimento mágico que materializa obras literárias da mente do cliente, um texto recheado de referências ao mundo das letras. Pretendo concluir esse livro entre outubro e novembro deste ano. Depois dele, iniciarei o Mortos-vivos em Primeira Pessoa (6 Meses na Vida de Joan Blackheart), uma história onde a presença de zumbis é o plano de fundo para uma sequência de críticas ácidas à sociedade moderna. Paralelamente a este último, também escreverei o Fúria Lupina – América Central, seguindo as premissas do primeiro livro de lobisomens, onde o ambiente rural dá lugar aos subúrbios, com conflitos territoriais em meio ao submundo do crime.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Os Mortos Vivos (Peter Straub)
Um(a) autor(a): Terry Pratchett
Um ator ou atriz: Al Pacino
Um filme: O Incrível Exército de Brancaleone
Um dia especial: 4 de abril, dia do nascimento da minha filha Angelina
Um desejo: ver a literatura fantástica do Brasil alcançar o patamar que o gênero ocupa no exterior

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Alfer Medeiros: Gostaria de agradecer o apoio que todos têm dado ao projeto Fúria Lupina, algo que está indo muito além do que eu esperava. Também gostaria de lembrar que o retorno do público é essencial para o crescimento do autor, ou seja, sempre que puderem, mandem críticas e sugestões a respeito do livro, pois aprecio muito esse tipo de feedback. Espero todos no lançamento. Grande abraço.

CLIQUE SOBRE A CAPA
  
Fúria Lupina - Alfer Medeiros

 

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevistado: Alfer Medeiros
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

Indique esta entrevista para um amigo! Clique Aqui      

 


© Cranik - 2003/2010