ENTREVISTA COM O ESCRITOR JOSE ANTÔNIO ZAGO

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor e psicólogo Jose Antônio Zago.
 (13/01/12)

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Jose Antônio Zago - Foto Divulgação

José Antônio Zago é graduado em Psicologia (Formação de Psicólogo e Licenciatura em Psicologia) pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) e Licenciado em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais, SP (CEUCLAR). Possui Mestrado em Filosofia da Educação também pela UNIMEP e Pós-Graduação em Saúde Pública com Especialização em Saúde Mental pela UNICAMP. Na UNIMEP foi professor por cinco anos e meio no Departamento de Psicologia Clínica e Experimental. Lecionou também Psicologia Médica na Faculdade de Medicina de Itajubá, MG. Trabalhou por 22 anos no Instituto Bairral de Psiquiatria de Itapira, SP. Desde setembro de 2005 é coordenador do Centro de Atenção Psicossocial “Raineri Baiochi” – CAPSad – da Secretaria Municipal de Saúde de Itapira, SP, onde desenvolve, em equipe multidisciplinar, ações de tratamento, prevenção e capacitação direcionadas para a questão dos problemas decorrentes do consumo de álcool e outras drogas, foco de seu trabalho clínico desde 1983. É autor do livro Drogas: condições psicossociais da dependência publicado pela Ícone Editora e membro do conselho editorial da revista Clínica e Instituição da Universidade Federal de Uberlândia, MG.

ENTREVISTA:


Ademir Pascale: Como surgiu a ideia para a criação do livro “Droga: inútil ilusão” (Editora Ixtlan, 2011)?

Jose Antônio Zago: Desde 1983 minha trajetória profissional tem sido como psicólogo no trabalho com dependentes de substâncias psicoativas. Desde então tenho feito reflexões sobre meu trabalho e sobre a questão das drogas que, a cada ano que passa, torna-se mais séria e com desdobramentos mais graves no coletivo. O que parecia um problema de individualidades no final dos Anos 60, hoje se mantém não apenas como problema individual, mas que atinge de forma aguda o social. Essas reflexões foram sendo escritas e publicadas em textos jornalísticos, em revistas especializadas, em encontros científicos, etc. Somamos cerca de mais de 40 publicações e o livro “Droga; inútil ilusão” foi a maneira de ordenar e apresentar nossas idéias sobre o tema ao grande público. Assim, pode-se dizer que é um texto sobre drogas, porém que não debate sobre as drogas. Debate as condições facilitadoras, nosso modo de viver e de conviver. Dito de outro modo: o livro é composto de pequenos capítulos que guardam certa autonomia entre si, mas que alcança gradativamente um grau de coerência para atingir o objetivo que é que a dependência de drogas é conseqüência de um modo de viver e de conviver. O enfoque do livro contempla focar o indivíduo e a sociedade, pontuando as suas dificuldades ou falhas constitutivas e estruturais. O texto é fundamentado na abordagem fenomenológica-existencial sobre a constituição do sujeito, mas em linguagem simples e acessível. Como já exposto, é uma obra destinada não somente a especialistas ou estudiosos do temas, mas principalmente ao público em geral.

Ademir Pascale: Poderia comentar mais sobre o enredo do livro?

Jose Antônio Zago: O livro demonstra de forma clara que o maior problema do dependente de droga não é a droga, contudo o próprio sujeito que não consegue dar sentido à sua vida, ao seu vazio existencial. Sem rumo na vida e desiludida, desacreditada das próprias capacidades de buscar ou dar sentido na vida, a pessoa busca na droga como um objeto que irá lhe trazer felicidade e dar significado ao seu viver. Nesta sociedade consumista a droga seria apenas algo mais a ser consumido com tal ilusão que qualquer mero objeto de consumo pode oferecer sedutoramente. Entretanto, a droga tem suas especificidades: ilude, anestesia, isola, aliena, traz agravos ao corpo e a mente e é mortal. Mas, como é exposto no livro, a droga sozinha nada é. A pessoa que a consome é quem lhe dá vida. Ao ter consciência disso, o sujeito dá um grande passo, pois isso significa a descoberta da escolha; a pessoa se responsabiliza por essa escolha. Não é a droga que faz a pessoa assim ou de outro jeito, porém a pessoa que escolhe a droga, sem entrar no mérito de escolha consciente ou não, que possibilita que a droga possa agir. A idéia que o livro traz é que o dependente de droga não é passivo, mas sim ativo e fundamental na escolha que faz, pois é a partir disso que poderá se perceber que é capaz de fazer outras escolhas ou outros posicionamentos, e que poderá tira-lo da parceria doentia com a droga. E tudo sugere a questão: Por que o sujeito fez essa escolha? E esta implica em outra pergunta: O que impediu do sujeito construir o próprio caminho ou olhar o mundo de olhos bem abertos? O caminho com droga é o oposto do caminho com liberdade.

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir um exemplar do livro “Droga: inútil ilusão”?

Jose Antônio Zago: diretamente com o autor pelo e-mail joseantoniozago@ig.com.br


Ademir Pascale: Quais são os maiores fatores para uma pessoa entrar no mundo das drogas e consecutivamente se tornar dependente?

Jose Antônio Zago: Bem, eis uma questão difícil de responder. Os estudiosos do assunto já estabeleceram um elenco de fatores que facilitam o acesso às drogas e um elenco de fatores que dificultam o acesso às drogas. Por exemplo, boa organização familiar, estímulo aos estudos, religiosidade, apenas para citar alguns, são fatores de proteção, que podem dificultar o acesso de uma criança ou de um adolescente às drogas. No entanto, há também ambientes de maior ou de menor proteção; ambientes mais vulnereis ao problema. Assim, dependendo do ambiente, há crianças que podem ter acesso às drogas já com 7 ou 8 anos. Mas, há ambientes que esse acesso ou essa oferta de drogas pode ocorrer quando estiver com 13 ou 14 anos. De qualquer forma atualmente, cedo ou tarde a criança ou o adolescente irá se defrontar com a questão da droga. Com a droga lícita, como álcool e tabaco, esse encontro é ainda mais precoce e ocorre dentro da casa, com os familiares. Em resumo, podemos afirmar que a falta de crítica ou de questionamento a tudo que é-nos oferecido sedutoramente na sociedade consumista é um fator fundante para uma pessoa ingressar na ilusão das drogas e em outras ilusões da vida. Quando não temos condições de questionar algo que nos é oferecido, mas que é sedutor, cabe a já antiga pedagogia de aprender com quem tem experiência ou bagagem de vida. Mas, infelizmente, parece que pedir ajuda a alguém, numa sociedade competitiva, está fora de moda ou de questão. É uma pena.

Ademir Pascale: Quais dicas daria para as pessoas que desejam sair do mundo das drogas? Quem elas devem procurar?

Jose Antônio Zago: procurar ajuda especializada em Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPSad) ou Centros de Saúde mental ou em Ambulatórios de Saúde Mental no município.

Ademir Pascale: Como os interessados poderão saber mais sobre Jose Antônio Zago e o seu trabalho?

Jose Antônio Zago: há vários trabalhos meus publicados na Internet. Os interessados poderão acessar digitando meu nome no Google e clicar a busca.

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Droga - Inútil Ilusão - Jose Antônio Zago

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevistado: Jose Antônio Zago
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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