ENTREVISTA COM O ESCRITOR HUGO MAXIMO
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale" entrevista o escritor Hugo Maximo
 (04/12/14)

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Hugo Maximo - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Como foi o início de Hugo Máximo no meio literário?

Hugo Maximo: Comecei com as Histórias em quadrinhos em meados dos anos 80. Tive aquela fase de ir semanalmente a banca para descobrir as novidades. No início queria saber dos heróis, mas logo comecei a me interessar pelos artistas, roteiros e desenhos. Desmontava uma história na minha cabeça pra saber como ela havia sido escrita. Minha Mãe foi bibliotecária e depois da escola passava as tardes na Biblioteca Municipal. Sempre com um livro na mão. Lá descobri Stephen King e não larguei mais. Na mesma época já produzia gibis caseiros e contos de terror.
A primeira publicação aconteceu de forma curiosa. Uma senhora veio falar comigo na sala de aula da faculdade e me disse que haviam dito que eu estava escrevendo um livro. Ela me pediu uma cópia e disse que era difícil entrar no mercado, que apenas iria ler e ver se haveria possibilidade de publicá-lo. Isso nos anos 90, a publicação era um sonho quase impossível. No dia seguinte ela disse que começou a ler o teto e não conseguiu parar. Assim foi publicado A Fábula, pela editora Hemisfério Sul.

Ademir Pascale: Você é autor de vários livros, como "A Fábula - Cidade dos Desgraçados", "Mundo Bizarro", "Perpétua Jones's - Invasion", "Procurados mortos ou mortos-vivos", "Trash - Zumbis e Tentáculos", etc. Dos seus livros, qual mais lhe marcou e por quê?

Hugo Maximo: Trash – Zumbis e Tentáculos foi o que mais marcou. Isso por ser uma ruptura. Com esse livro parei de fingir que era uma escritor sério, que queria ser respeitado como um escritor brasileiro. Veja, fui criado a base de enlatados norte americanos e histórias em quadrinhos. Descobri com esse livro que queria ser um escritor de pulp ficcion. Ameaças alienígenas me interessam mais do que o dramalhão da alma humana. Existem muitos escritores que abordam isso de forma excelente. Acho que posso contribuir humildemente mais com minhas histórias malucas do que com literatura dita séria.

Ademir Pascale: Poderia destacar um trecho desse livro especialmente para os nossos leitores?

Hugo Maximo:
“Esquizofrenia Blues

Ele saiu do quarto de hotel com a porcaria do macarrão instantâneo pesando em seu estômago, como se tivesse comido as palhas de uma vassoura molhada. Seu nome era Seth e ele achava que estava ficando louco. Só para conferir Seth pôs a mão no bolso direito do blazer pela décima vez, e pela porra da décima vez constatou que a porra da 44 estava lá, exatamente onde a havia deixado. Carregada, pelo que se lembrava. Então, no milionésimo surto paranóico do dia e, só para constar, ele retirou a porra da 44 do bolso do blazer... e girou o tambor para fora. Seis balas. Seis balas benzidas por um padre. Só para conferir. Só para constar.

É por isso, também, que depois de guardar a arma (ele sabia que em dez minutos iria repetir todo o processo paranóico de novo, e de novo...), verificou o bolso esquerdo do blazer só para conferir se as balas estavam no lugar onde as havia deixado. Elas estavam. Como sempre. Mesmo assim ele sabia que iria continuar conferindo até a ponta dos dedos estarem esfoladas.

No bolso interno do blazer ele encontrou o vidrinho de remédio. Arrancou a tampa com a boca e a cuspiu fora.

Sem nem contar engoliu as cápsulas restantes e imediatamente sentiu o macarrão instantâneo convulsionar em seu estômago. Merda! Seth vai ter uma puta duma azia.”

Ademir Pascale: Além de escritor você é artista gráfico, produtor das suas próprias capas, vocalista e professor. Conte mais pra gente.

Hugo Maximo: O desenho e a escrita sempre estiveram juntos na minha vida. Não vejo um sem o outro. Sempre foi assim, escrevo e desenho. A música é outra paixão. Sou autodidata, aprendi a tocar contrabaixo e violão sozinho, depois passei pra guitarra e sempre segui compondo mesmo sem estar com uma banda. Hoje tenho um trabalho autoral com a Banda Canobras.
Quanto a ser professor, foi uma coisa natural pra mim. Antes mesmo de me formar em História já estava lecionando. O que eu poderia querer mais? Uma sala cheia de pessoas obrigadas a me ouvir falar por duas horas inteiras!

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir um dos seus livros?

Hugo Maximo: Todos os meus livros estão disponíveis gratuitamente na internet. Recebo alguns emails de pessoas interessadas em adquiri-los no formato impresso, por isso os disponibilizei em impressão sob demanda pelo Clube dos Autores: www.hmaximo.tk.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Hugo Maximo: Projetos sempre existem. Quero voltar a fazer fanzines. Acho que o formato combina com a velocidade da internet.

Perguntas rápidas:

Um livro: As Belas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa de Neil Gaiman e Terry Pratchett.
Um autor: Stephen King no geral e Érico Veríssimo no Brasil.
Um ator ou atriz: Matthew McConaughey tem me surpeendido, especialmente em True Detective.
Um filme: Um Drink no Inferno.
Um dia especial: Chuva lá fora e um livro aqui dentro!
Um desejo: permanecer lúcido por muito tempo, produzindo.

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Hugo Maximo: Gostaria de agradecer pela entrevista e lembrar uma frase do Stephen King que gosto muito e resume minha relação com a literatura: “Um dia sem livro é um dia sem sol.”

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Trash - Zumbis & Tentáculos - Hugo Maximo

 

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Entrevistado: Hugo Maximo
E nos informar pelo e-mail:
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