ENTREVISTA COM A ESCRITORA SONIA REGINA ROCHA RODRIGUES
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale" entrevista a escritora Sonia Regina Rocha Rodrigues
 (06/12/14)

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Sonia Regina Rocha Rodrigues - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Como foi o início de Sonia Regina Rocha Rodrigues no meio literário?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: Boa noite, Ademir. Eu sempre escrevi, anotando minhas impressões em diários, poesias e pequenos contos. Em 1990 comecei a freqüentar um grupo de escritores, na cidade de Bebedouro/SP. Nós nos reuníamos uma vez por semana para leitura e comentários de nossos textos. Fui convidada a participar de uma feira do livro, e corri a uma gráfica para editar meu primeiro livro em parceria com dois outros escritores locais: “Em prosa e verso”. No mês seguinte o grupo se animou e nos cotizamos para editar um jornal literário mensal chamado O Alternativo. Durante cinco anos coordenei a edição desse jornal, e a partir daí fiquei motivada a enviar meus textos para concursos. Em 1996 representei a cidade de Bebedouro no Mapa Cultural Paulista com o conto A auditoria;

Ademir Pascale: Você é autora do livro "Coisas de médicos, poetas, doidos e afins" (Bookess, 2014). Poderia comentar?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: Sim, Ademir. Ao longo de 35 anos de exercício da medicina (atualmente estou aposentada) fui colecionando fatos curiosos que reuni agora nesse livro.
Médico já sabe: se o paciente melhora é graças a Deus, se piora é por erro médico. Se o paciente morrer, então, é processo certo. Coisas da profissão. Não é esse, porém, o assunto deste livro de contos. Reunidos aqui estão aquelas frases engraçadas e curiosas que os pacientes às vezes falam, como o pequenino que surpreendeu o seu pediatra com uma frase profundamente filosófica. Também aquela família simples lá da roça, que se chamavam de homem, mulher e menino, em uma consulta que quase acabou na delegacia. Alguns contos foram colhidos nas filas, como Farmácia Popular e Aguarde na fila. Fila, como afirmo em um de seus contos, é excelente lugar para sociólogos escreverem teses de doutorado, pelas conversas surreais que aí podem ser colhidas sem o menor pudor, já que as pessoas falam para o mundo mesmo.

Ademir Pascale: Para quem você indicaria o seu livro?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: Eu sou tentada a dizer que a todos os adultos e adolescentes que gostam de contos. Acredito que quem trabalha na área de saúde vai gostar, pois vai reconhecer diversas situações do nosso cotidiano, principalmente a dificuldade de comunicação, pois a linguagem é uma grande barreira. As pessoas leigas, por outro lado, vão compreender melhor as nossas dificuldades e perceber que, em algumas situações, é quase impossível não perder a paciência, como a heróica balconista do conto Farmácia Popular, um dos contos mais bem humorados do livro.

Ademir Pascale: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: “Talvez – esta é a esperança feminina – dentro de algum espécime masculino haja ternuras escondidas, à espera da mulher que ouse levantar a tampa desta caixa de Pandora que é o cérebro masculino.”
Esta frase é dita por uma das personagens que se viu em apuros quando o remédio que seu companheiro tomou resultou em um efeito colateral para lá de bizarro. Eu sei, por dezenas de depoimentos ouvidos em diversas consultas, o quanto as mulheres são frustradas com a dificuldade masculina de demonstrar afeto. Essas ternuras escondidas, eu lhe garanto, são o desejo explícito de muitas mulheres.

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir um exemplar de "Coisas de médicos, poetas, doidos e afins"?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: O livro está disponível para venda no site da Bookess Editora, no link: http://www.bookess.com/read/21234-coisas-de-medicos-poetas-doidos-e-afins
Pode ser comprado em forma tradicional, e em formato digital: epub e mobi.
A pessoa interessada, se tiver dificuldade em escrever o endereço no navegador, pode entrar no site da Bookess e simplesmente digitar o nome do livro para ser direcionada para a página.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: Sim; Tenho outro livro de contos no prelo a ser editado ainda este ano: É suave a noite, uma coletânea de meus contos e crônicas premiados e selecionados para edição em jornais e revistas. Este também estará em breve disponível no site da Bookess. São contos mais longos, mais sérios, mais elaborados. Este eu indicaria para um público mais maduro, acima dos 40 anos.

Perguntas rápidas:

Um livro: Terra dos Homens, de Saint-Éxupery.
Um(a) autor(a): Edgar Allan Poe.
Um ator ou atriz: Matheus Nachtergaele.
Um filme: O show de Truman.
Um dia especial: Posso escolher dois? Os dias em que nasceram minhas duas filhas.

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Sonia Regina Rocha Rodrigues: Eu quero ver a política cultural mudar. O preço dos livros deve baixar.
1 - O livro é uma parte importante da cultura. É preciso que ao lado das edições de luxo existam as edições populares, como as antigas edições de bolso da Ediouro. Hoje um ‘livro de bolso’ é vendido a um preço que não cabe no bolso de ninguém.
2 - Nada justifica o alto preço de um livro digital que custa apenas a formatação, já que sua replicação não consome papel. Em minha opinião, 2 ou 3 reais é um preço razoável para venda de um epub. Centenas de pessoas comprariam e a pirataria acabaria na hora. O que a pirataria assinala, e as editoras não entendem, é que os preços estão extorsivos. A Amazon começou vendendo livros digitais por um preço baixo – quem viu quando a Ophra lançou o kindle em seu programa lembra bem. Hoje, você entra na Amazon e vê o livro em papel por 50 reais e o digital por 35 reais, não dá para entender. Eu acabo comprando o formato tradicional, pois sinto-me assaltada ao pagar 35 reais por um livro digital.
3 - Outra coisa que precisa mudar é a política publica de incentivo a leituras. O que deve ser feito, em minha opinião, é o investimento maciço em bibliotecas públicas, como acontece em países como Canadá e Austrália, onde a pessoa encontra nas bibliotecas públicas dezenas de lançamentos em vários volumes e apresentações: audiolivros, edições em tipos grandes para deficientes visuais (entenda-se: pessoas acima dos 50 anos que usam óculos bifocais, para quem a leitura em tipos grandes é muito confortável). Se a biblioteca pública comprar dezenas de livros todos os meses, as editoras terão um retorno previsível e um grande número de leitores terá acesso aos livros.
Cito Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e com livros”.

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Coisas de médicos, poetas, doidos e afins - Sonia Regina Rocha Rodrigues

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevistada: Sonia Regina Rocha Rodrigues
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