ENTREVISTA COM O ESCRITOR JAMES ANDRADE

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor James Andrade.
 (10/10/08)

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James Andrade - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Primeiramente, agradeço por aceitar a entrevista. Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de James Andrade na literatura.

James Andrade: Gentileza sua me convidar, fiquei muito feliz.
Quanto à literatura, ela se apresentou para mim logo cedo, sempre gostei de ler, comecei nos quadrinhos, os antigos gibis, e não parei mais. De leitor para escritor foi, a meu ver, uma transição que aconteceu naturalmente; mas é uma mudança que se processa dia a dia, texto após texto, sempre buscando se aperfeiçoar. Como sou uma pessoa difícil de se agradar, sempre me vejo como um diletante diante da arte literária; um apreciador da boa escrita, de uma bem elaborada trama; que, em determinado momento, resolve ir além do só apreciar, e começa a criar suas próprias histórias; mas que se esforça ao máximo para que sejam boas; ou, no mínimo, originais.
Do mais, acredito ter feito o “caminho das pedras” de todo iniciante; acho que poucos são aqueles que escapam dele; muitas impressões encadernadas com espiral e contato com inúmeras editoras, oferecendo meu trabalho; no final do ano passado encontrei guarida na Giz Editorial, que topou me publicar; meu livro de estréia foi lançado em agosto (2008). Neste ponto devo agradecimentos ao meu grande amigo J. Modesto que, conhecedor do caminho, me orientou com dicas preciosas.

Ademir Pascale: Quais são suas principais influências literárias?

James Andrade: Imagino que, quem escreve, antes de tudo lê; eu li e leio com freqüência; faço isso indiscriminadamente, porém tenho preferências, e faço ressalvas, poucas, mas faço. Biografias (principalmente de pessoas ainda vivas) e aquilo que, por falta de nome melhor, chamo de “minha história triste”, estão entre as coisas que evito travar conhecimento, leio, mas não aprecio. Os motivos? Simples, a esmagadora maioria das obras que li eram péssimas ficções (antecipando àqueles que porventura digam “não eram ficções”, respondo: Então tá!). À parte estes dois sub-gêneros, do resto gosto de tudo; em especial de conspirações mirabolantes, que envolvam terror (quanto mais, melhor), assassinatos bizarros, algo de religião, uma pitada de sacanagem (por que não?), um pouco de História e, se possível, um pezinho na Filosofia; deu para perceber que “O Nome da Rosa”, de Humberto Eco, está bem colocado na minha lista de livros imperdíveis, só é desbancado por “1984”, de George Orwell; a lista, porém, é extensa, nela ainda figuram H.P.; Poe; King; Huxley; Felitta; Saramago, Assis e muitos outros. Da “nova” safra destaco (além do trio que forma comigo o Fontes da Ficção, é claro) Neil Gaiman, de quem gosto muito, mas que me convence mais como roteirista de quadrinhos do que como autor de livros. Por fim, na minha formação, sempre haverá um lugar especial para “o homem dos patos”, Carl Barks.

Ademir Pascale: Como surgiu a idéia para a criação da excelente obra Getsêmani – A verdade oculta (Giz Editorial, 2008)?

James Andrade: A semente do que viria a ser meu livro de estréia brotou da leitura de um apócrifo chamado “O Livro dos Segredos de Enoch”; é só uma parte de um parágrafo, que inclusive está citado no final do livro, foi dali que saiu tudo. O eixo da conspiração se formou rapidamente, num estalo; logo outros elementos se juntaram a ele, deixando a história cada vez mais complexa; personagens dos mais inusitados se encaixaram como uma luva no enredo. Na época, 2005, estava evolvido com outro livro, por isso tentei deixar o projeto de lado, mas não consegui. Tive que escrever, fazer a catarse da idéia que ficou ali, na minha cabeça, crescendo, dia após dia, incomodando, forçando os limites, arranhando, querendo sair, buscando existir. Foi assim com a trama que teci no Getsêmani, enquanto não a coloquei no papel, não me deu sossego. O resultado foi um livro ousado, do qual tenho muito orgulho.

Ademir Pascale: Poderia falar para os nossos leitores como funciona o projeto “Fontes da Ficção” (www.fontesdaficcao.com)?

James Andrade: O Fontes da Ficção é um blog que mantenho em conjunto com mais três escritores, e grandes amigos, o J. Modesto, o Nélson Magrini e o Sérgio Pereira Couto; por ser algo feito em torno de amizades, tem nele muito de lúdico, e muito de sério. A idéia foi criar um veículo de comunicação direta com os leitores, um espaço democrático, aberto a críticas e ponderações das mais variadas, elogios inclusive; é também um local onde se pode conhecer um pouco mais cada escritor, ficar sabendo sobre eventos e notícias afins. O projeto, porém, não se restringe só ao blog, de tempos em tempos iremos promover encontros em livrarias para conversarmos, tête-à-tête, com os leitores; a proposta é versar sobre Literatura Ficcional, com ênfase em mistério, suspense e medo, mas, como já foi dito, é, acima de tudo, um espaço democrático; o leitor manda. O que muito me agrada no Fontes da Ficção é a oportunidade que cada um de nós tem de mostrar um pouco do seu trabalho; a cada semana um autor posta um conto ou parte de uma mini-série, inéditos, quem acessa tem a oportunidade de conhecer o estilo de cada um; mesmo sendo só uma amostra, vale a pena conferir. As atualizações são feitas todos os sábados.

Ademir Pascale: Tivemos muito orgulho de tê-lo como participante especial do zine TerrorZine – Minicontos de Terror nº 02 (www.cranik.com/terrorzine2.pdf). Quais suas impressões referente ao miniconto?

James Andrade: Primeiramente, parabéns a vocês pelo zine, tanto pela idéia, que foi genial, quanto pelo produto em si, a qualidade gráfica do zine está excelente. Sobre o miniconto, devo dizer que foi uma grata surpresa, que mudou radicalmente meu conceito sobre o assunto; confesso que a princípio, ignorante do que era, estava um tanto quanto cético quanto à real possibilidade de se contar uma história coerente e significativa em doze linhas (agora são quinze. Viva!). Depois de ler o zine nº 1, vi que era possível, tanto que arrisquei escrever um, não foi nada fácil, mas acho que consegui, espero que todos apreciem.

Ademir Pascale: Na sua opinião, como está o mercado editorial para os autores iniciantes? Está sendo fácil publicar uma obra?

James Andrade: É uma pergunta interessante, que, na minha opinião, tem uma resposta ambígua; de um lado as inovações técnicas e o acesso facilitado que o país teve, nos últimos anos, para a obtenção de equipamentos de qualidade ajudou em muito a proliferação de novas publicações, o produto livro ficou mais simples de ser produzido; a tiragem por demanda é prova disso. Isso foi bom para o escritor que tenta ver sua primeira obra publicada. Por outro lado temos o mercado propriamente dito, com suas características tão tipicamente brasileiras, restrito, fechado, controlado por gigantes que ditam regras arbitrárias, que preferem comprar obras estrangeiras a incentivar autores nacionais, com poucas aberturas; para piorar ainda temos a dura verdade de que neste país se lê pouco; é neste universo que um sem número de novas edições chegam a cada dia, e têm que se digladiar, muito, entre si, por um mínimo lugar ao sol. Isso dificulta que novas obras tenham a evidência necessária para se lançarem no mercado, aqui não me refiro sequer à qualidade da obra, esta distinção deveria ser feita pelo leitor, mas se o livro não tiver um mínimo de visibilidade, pouco importa se é bom ou não; o leitor não saberá dele. Isso é ruim.
As boas notícias ficam por conta da diminuição, gradativa, do preconceito que o brasileiro tem de ler obras nacionais (as clássicas, de vestibular, não contam); e da ainda democrática Internet; na minha opinião, espaços como este que você me proporcionou são de fundamental importância para os autores; principiantes ou não.

Ademir Pascale: Poderia dar dicas para os autores iniciantes que desejam publicar suas obras?

James Andrade: Como disse, ainda sou muito novo no mercado para dar conselhos, porém posso reproduzir aqui o que ouvi de gente mais experiente, e que muito me ajudou. O primeiro passo é transformar seu original em uma impressão, editor gosta de papel; depois faça leituras com pessoas além do seu círculo de amigos e parentes (a opinião deles, apesar de encorajadora, não é imparcial); acate tudo aquilo que estes leitores disserem sobre o original (e conserte); antes de enviar para um editor, submeta seu trabalho a uma leitura crítica (novamente ouça o que esta pessoa tem a dizer), se possível, acompanhe o original enviado ao editor com uma carta de apresentação da sua obra, feita por algum autor com o qual seu estilo tenha certa afinidade, por fim, em um momento posterior, ouça seu editor; mas não muito. É mais ou menos isso.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

James Andrade: Alguns; para este ano ainda pouca coisa, só um ou dois artigos sobre Bruxaria na Idade Média para uma revista de História. No ano que vem teremos, se tudo correr bem, o lançamento do meu segundo livro: “Portais”; nome provisório, agradar um editor nunca é fácil, amigos escritores, pior ainda. O original já está pronto para a apreciação dos leitores beta. “Portais” narra as aventuras, e desventuras, de um homem que se tornou imortal no séc. IV d.C.; graças a um milagre de São Jorge (santo protetor contra os vampiros); e sua luta sem tréguas contra um poderoso inimigo até os dias de hoje; como pano de fundo temos uma pitada da História da Europa Ocidental; e um sombrio segredo; além de, claro, muita magia.

Perguntas rápidas:

Um livro: 1984, de George Orwell.
Um(a) autor(a): H. P. Loveclaft.
Um ator ou atriz: Christopher Walken (o eterno Gabriel).
Um filme: Highlander, o guerreiro imortal (o primeiro, mesmo porque, só pode haver um).
Um dia especial: Acabou de acabar, e não o aproveitei, mas outro virá, tenho certeza; só espero estar preparado para apreciá-lo em sua plenitude.
Um desejo: “... Desejos são ilusões, meu amigo, são quimeras indomáveis e vingativas, que espreitam nas sombras do coração e atacam a razão...”.
O Touro - Getsêmani, a verdade oculta.

Ademir Pascale: Foi um grande prazer. Desejo-lhe muito sucesso.

James Andrade: O prazer foi todo meu, Ademir; saiba que considero iniciativas como a sua (site; zine) não só louváveis, mas necessárias. Que o amanhã sempre lhe traga mais que o hoje.  

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Getsêmani - A Verdade Oculta - James Andrade   

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: James Andrade.
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