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RESENHA CRÍTICA DO FILME "FELIZ NATAL"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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FELIZ NATAL  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - FELIZ NATAL -  O que é o natal? Pergunta Mércia (Darlene Glória) no almoço de natal com a família. A pergunta é a mais pertinente do filme. Em tempos de descrença total e da desintegração dos valores arcaicos do que vem a ser uma família, se perguntar por que confraternizamos no dia 25 dezembro nunca será em vão. Afinal nos reunimos pra que mesmo?
A melhor cena do filme de Selton Mello é justamente esse diálogo solitário da matriarca da família que fica enumerando conceitos que não traduzem mais os valores de hoje, enquanto sua família, vai abandonando a mesa, entediados com o fato da avó/sogra/mãe estar tocando num assunto que não interessa a ninguém.
Feliz Natal é um triste filme sobre essa desintegração. Não há saídas positivas para os personagens de Mello. O trágico é que tal retratação poderia ser um espelho da família de qualquer um de nós. Como afirmou o diretor, o roteiro passou por seis tratamentos e até o quinto, a personagem da mãe não existia. Impossível pensar no filme sem ela. Darlene Glória é a melhor “coisa” do filme.
Além da ótima interpretação de Darlene Glória que evidencia a alcoólatra viciada em barbitúricos, pronta a jogar “a merda no ventilador” - e que de certa forma pode representar a descrença do olhar da direção sobre a solidariedade entre os familiares - é ela que agride o ex-marido, demonstrando a falência do casamento, que se confronta com a nora (interpretado pro Graziela Moreto), demonstrando estar deslocada e a única que recebe com carinho a volta de Caio (Leonardo Medeiros), o protagonista em questão.
Caio é um ser destituído de família, vive da ajuda do irmão, da relação – talvez avulsa - com uma mulher e que mantêm um ferro-velho, que nem ele sabe para que serve. Em seu passado? Mortes e drogas. È odiado pelo pai e nem precisamos saber por que. No filme de Selton Mello o passado importa pouco.
Embora a direção queira analisar os (des) caminhos de Caio, o filme é mais do que isso. E esta parte de memórias, culpas e possíveis arrependimentos é o que tem de mais chato em seu discurso. Lembra um “Lavoura Arcaica” urbano. Não por acaso o ator declarou que o filme de Luiz Fernando Carvalho é uma referência, ao seu.
Começo instigante, meio confuso e fim enfadonho, Feliz Natal parece que fica perdido em algum momento da projeção. O diretor não potencializa a individualidade dos outros personagens e o final parece mais um arremedo, com a possível tragédia que se cairá sobre a família.
O pai (Lucio Mauro) que sai com uma garota com idade para ser sua neta. A cunhada (Graziela) deslocada e infeliz no casamento. A mãe (Darlene) insana e estupidamente solitária e o irmão sem atitudes que o diferencie dos outros,compõem a família de Caio, numa noite dessas de natal. Além do sobrinho que observa entre outros, o triste devaneio da avó.
Não é um filme fácil. Nem é tão bom assim. Muito pelo contrário. Não gostar dele é fácil. Triste visão sobre o desmoronamento de uma instituição tão “cara” para todos nós.
Depois de ver Feliz Natal, a sensação é de que nada poderá atrapalhar o seu. Quando você reencontrará pessoas que não gosta. Será obrigado a cumprimentar desafetos e mentir sobre sua vida, pois não lhe interessa revelar á quantas anda sua rotina, entre perus, sorriso amarelos, árvore de natal e uma criança provavelmente perguntando sobre o Papai Noel.

Ficha Técnica
Título Original: Feliz Natal
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2008
Estúdio: Bananeira Filmes
Distribuição: Europa Filmes
Direção: Selton Mello
Roteiro: Selton Mello e Marcelo Vindicatto

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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