CRÍTICA - HAIRSPRAY - EM BUSCA DA FAMA -
Musicais geralmente dividem opiniões. Não é um
gênero muito aceito, mas está sendo produzido aos
montes ultimamente. Hairspray - Em Busca da Fama,
entrará facilmente no rol de preferidos para os fãs
do gênero. Isto porque o filme é inegavelmente
cativante. Ingênuo, utópico e meloso o filme
consegue divertir, sem esquecer sua função crítica e
alia entretenimento e conhecimento juntos.
Numa cidadezinha do EUA na década de 60, Tracy
Turnblad (Nicole Blonsky) uma garota gorda, pobre e
impopular, sonha com a possibilidade de participar
do programa da vez – The Corny Collins Show - e
claro, beijar o ídolo Link Larkin (Zac Efron).
Tracy tem uma habilidade “incomum”: sabe dançar como
ninguém. Também é dócil, idealista, esperançosa e
frágil. É o tipo de garota que a platéia se
identifica, foge dos padrões e se alia a outros
excluídos. No caso do filme, ela faz amizade com os
negros do colégio, se identifica com seus ritmos
dançantes e encontra neles, senso de justiça,
compreensão e aceitação.
Numa época onde a sociedade americana não dava
espaço para os negros e segregava tal parcela do
resto do mundo, Hairspray parece uma doce visão
sobre o tema. Ver Tracy defendendo os amigos do
bairro vizinho, lutando com eles e os ajudando, não
deixe de ser uma visão positiva sobre os americanos.
Sim, no meio de tantos xenófobos, existem os que
prezam a diversidade e a pluralidade de gostos e
opiniões. Afinal ser diferente esta na moda.
Michelle Pfeiffer, Queen Latifah, James Marsden e
Christopher Walken estão ótimos e convincentes.
Michelle e sua impagável loira má (Velma Von Tussle)
é o contraponto para a negra excluída interpretada
por Queen Latifah (Motormouth Maybelle). Cantam,
dançam e ressaltam o choque de culturas e raças
presente nos EUA e suas conseqüências. Numa época
onde o negro só aparecia na TV uma única vez ao ano.
Obviamente todos os olhares recaem sobre John
Travolta e sua engraçada composição para Edna
Turnblad. A mãe de Tracy sofre com os quilos a mais,
tem uma visão cética do dia-a-dia e esta imersa nas
rotinas do lar. Para o ator que se projetou em
filmes como Grease (1978) e Os Embalos de Sábado a
Noite (1977), os passinhos que executa em Hairspray
chegam a ser primários.
Sucesso na Broadway em 2003, o musical de John
Walters já teve um versão filmada em 1988, onde
Divine, uma das mais populares transexuais
americanas - interpretava o papel que hoje é de
Travolta.
Renda-se ao rebolado de Tracy, ao visual e as cores
do filme, as músicas ingênuas de adolescente
apaixonado e ao teor político e utópico do contexto
do filme. No meio de tanta poluição, politicagem,
desastres, catástrofes e caos de uma grande cidade
como São Paulo, o filme é um balsamo pra alma.
Permita-se.
Ficha Técnica
Título Original: Hairspray
Gênero: Musical
Duração: 117 min.
Ano: EUA - 2007
Distribuidoras: New Line Cinema/PlayArte
Direção: Adam Shankman
Roteiro: Leslie Dixon, baseado em roteiro de John
Waters e em peça teatral de Mark O'Donnell