HELLBOY II - O EXÉRCITO DOURADO - (Foto Divulgação)
CRÍTICA -
HELLBOY II - O EXÉRCITO DOURADO:
Mesmo cercado de alguns
defeitos, “Hellboy II- O Exército Dourado” tem uma
vantagem que faz dele praticamente imperdível, um
fator chamado Guillermo Del Toro, que, com essa
seqüência parece alcançar o topo de seu
amadurecimento profissional.
Não que essa continuação seja seu melhor filme,
longe disso, ficando até perto de seu subjugado “A
Mutação”, mas é nessa segunda adaptação dos
quadrinhos de Mike Mignola (que ainda ajuda no
roteiro) que Del Toro ganha o poder total dentro de
um filme, coisa que até agora só vinha acontecendo
em suas produções estrangeiras (leia-se falada em
alguma língua que não seja o inglês), e o resultado
é mais um de seus acertos.
Com liberdade total, o diretor consegue mais uma vez
levar o espectador para um mundo de fantasias, te
fazendo acreditar literalmente no que seus olhos
enxergam, desde o personagem demoníaco até uma
incrível trupe de outras criaturas. O segredo,
parecendo ser uma combinação de ausência (pelo menos
um número bem pequeno) de imagens geradas por
computador (CGI), substituída por bons e velhos
animatronics e maquiagens, deixando tudo com um
sensação de real, além ainda de um modo de colocar
todo e qualquer personagem do jeito mais humano
possível, com características e reações próximas do
mundo real a que estamos acostumados. Assim como
George Lucas se sagrou fazendo em suas Guerras nas
Estrelas.
Cada “aberração” que aparece na tela, mesmo as de
passagem, são tão bem caracterizadas que parecem
extrapolar contexto, ganhando vida seja na menor à
maior das participações. Isso sem contar os
personagens principais, esses dando um show à parte,
principalmente o aquático Abe Sapiens, que ganha
mais espaço do que no primeiro, enriquecendo demais
todo filme, assim como Hellboy, formando uma dupla
impagável, que já valem o ingresso, tanto pela
profundidade que o diretor consegue impor em ambos,
quanto pela atuação de de Doug Jones e Ron Perlman,
no controle total dos personagens.
O grande problema de “Hellboy II” é um roteiro fraco
que não faz jus nem ao primeiro, que já não era
grande coisa. Na trama, Hellboy e sua equipe tem que
impedir que o príncipe do reino das fadas acorde o
tal Exército Dourado, e domine todo mundo dos
humanos, o vermelhão ainda tem que lidar com um novo
elemento em seu grupo, destacado, única e
exclusivamente para conter seu forte temperamento,
e, para completar, ainda enfrenta o maior de todos
problemas, seu relacionamento com Liz Sherman (Selma
Blair).
Enquanto trata dos personagens e seus problemas
mundanos, o filme anda que é uma maravilha, mas
quando a trama precisa focar o resto, derrapa em uma
trama óbvia, que não deixa duvidas de onde está
indo, e muito menos como vai chegar. Assim que
apresentados, ficam mais que claros todas
reviravoltas de cada personagens, cada sacrifício e
cada próximo passo de todo mundo.
Mesmo limpa em todos seus elementos narrativos, a
história vai trazer muito poucas surpresas para
qualquer espectador um pouco mais experiente, coisa
que pode até irritá-los um pouco, assim como uma
pseudo mensagem ecológica, que passa totalmente
despercebida, mas com certeza nada que prejudicara
todo resto do andamento do filme.
Del Toro acerta na mosca quando faz todo visual ser
arrebatador, não perdendo uma chance de ser
exagerado, com cenários e seqüências de encher os
olhos , assim como a aproximação dos personagens com
o espectador, tudo isso mascarando perfeitamente
essas falhas no roteiro (falhas que ele parece saber
que existem e como lidar com elas), além de pontuar
muito bem o filme com cenas de ação muito bem
pensadas, criativas e empolgantes. Mas talvez, seu
grande acerto, e contribuição para o cinema atual,
seja conseguir transportar todos dentro do cinema
para um mundo de fantasias, um mundo que as vezes os
anos passados não deixam que ele seja revisitado.
No começo do filme, o jovem Hellboy é transportado
para um mundo de boneco de madeira travando uma
guerra pelo mundo através das palavras de seu pai
adotivo (talvez a seqüência mais bacana do filme
todo), no resto do tempo, Del Toro, transporta o
espectador para um mundo onde você lembra o que
deixou para trás em sua infância, e que na verdade,
precisa é ser resgatado mais vezes.
Ficha Técnica
Hellboy II- O Exército Dourado (Hellboy II- The
Golden Army) 2008, EUA/ALE, 120min
Direção/Roteiro: Guillermo Del Toro
Elenco: Ron Pearlman, Selm Blair, Doug Jone, Luke
Goos, Anna Watson