CRÍTICA: AS TORRES GÊMEAS - Logo depois de
sair da sessão de “As Torres Gêmeas”, ainda tentando
refletir qual seria minha primeira impressão a
respeito do novo filme de Oliver Stone, senti que
tinha gostado do filme, que ali estava um exemplo de
mais um belo filme desse consagrado cineasta, antes
tivesse ficado com essa impressão, por que pouco
tempo depois, essa minha opinião ruiu como os
prédios do título.
Talvez principalmente pelo nome Oliver Stone no
créditos, seria fácil imaginar um filme idealista,
emocionante, opinativo, contundente, que fosse
mostrar uma história de sobrevivência dentro de um
contexto histórico, coisa que ele cansou de fazer em
seus filmes, é só dar uma olhada em exemplos como
“Nascido em 4 de Julho”, “Entre o Céu e a Terra” e
“Assassinos por Natureza” (esse último, por mais
violento que seja, é claramente uma das maiores
críticas à mídia que eu já vi no cinema).
Depois de uma besteira gigante como seu último
filme, “Alexandre”, eu pensava comigo mesmo que “As
Torres Gêmeas” seria o projeto que traria de volta
aquele diretor forte de antigamente, por tratar de
um assunto sensível, que sempre trás à tona as mais
diversas opiniões, mas hei que eu dou de frente com
um típico filme hollywoodianozinho com roteiro de
Made-For-TV, que logo de cara é fácil gostar, mas
diante de uma analise maior acaba descobrindo
facilmente uma série de defeitos.
O filme mostra a história de dois policiais que
ficaram soterrados nos atentado de 11 de Setembro ao
World Trade Center, enquanto eles ficam tentando
tirar força de não sei onde para sobreviver em baixo
desses seis metros de escombros, do lado de fora, só
resta a família ficar apreensiva tentando ter
notícias dos dois.
Por mais que a história seja real, tendo contado com
a supervisão das duas famílias no roteiro, o filme
cai na desgraça do clichê, em grande parte pela
culpa do diretor que resolve usar descaradamente
todo e qualquer tipo de subterfúgio visual e
narrativo para te emocionar, não deixando a história
em si (que já é emocionante sozinha) deslanchar,
principalmente na parte das famílias, é fácil
adivinhar de antemão quando aparecerão os closes nas
lágrimas, os cortes dramáticos, e as viradas do
enredo, tudo muito mastigado, não deixando espaço
para se sentir a cena e se emocionar com a situação,
você chora quando vê a esposa grávida às lágrimas, e
não quando começa a entender que ali está uma pessoa
que está vendo sua vida ir por água abaixo.
Mas talvez o que vai ofender mais o público fã do
diretor, seja o quanto ele fez um trabalho
impessoal, distante, me dá a impressão até de uma
obra comprada, algo como dar aos norte-americanos um
tipo de remédio contra os atentados, com a sua maior
industria, a do cinema, exorcizando os demônios da
nação, transformando todos em heróis, e pelo que se
sabe nada é assim tão preto no branco, e é
exatamente isso que eu senti falta, do cinza da
tragédia.
Oliver Stone perdeu uma chance de ouro de marcar a
história do cinema, como fez nos anos oitenta com
sua trilogia do Vietnã (“Platoon”, “Nascido em 4 de
Julho” e “Entre o Céu e a Terra”), ao invés disso
deixou para trás todo estilo visual e narrativo que
marcou seus filmes, e que fez dele um dos maiores
cineastas de sua geração, deixando para Paulo
Greengras com seu “Vôo 93” e para “Fahrenheit 911”
de Michael Moore o posto de cineastas que
conseguiram tirar de uma catástrofe como essa um bom
cinema.
Gênero: Drama Diretor: Oliver Stone Distribuidora: UIP Site Oficial:
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