ESPECIAL - VEREDAS DO CINEMA BRASIL

Especial "VEREDAS DO CINEMA BRASIL" 
por Marcelo Hailer - marcelo.hailer@gmail.com  
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Cena do Filme AMARELO MANGA - (Foto Divulgação)

VEREDAS DO CINEMA BRASIL

O movimento “Cinema novo”, iniciado nos anos 60, trouxe formas, conteúdo, perspectivas e modo de se fazer filmes, que caracterizam até hoje as produções brasileiras. “Deus e o diabo na terra do sol”, de Glauber Rocha e “Vidas secas”, de Nelson Pereira dos Santos, ambos os filmes e diretores foram a fundo nas questões problemáticas do Brasil: o sertão, a seca, o ser humano miserável e a corrupção. Mas, suas obras não ficaram apenas marcadas pelo conteúdo, mas também pela linguagem, que era libertária ao extremo e até hoje é atual.
Tal movimento foi enterrado pela ditadura nos anos 70, nos anos 80 tivemos o auge das pornôs-chanchadas, e na era Collor, já nos anos 90, o cinema brasileiro praticamente foi enterrado, nas salas de projeção apenas trabalhos estrangeiros, e principalmente norte-americanos. No lugar da liberdade estética dos filmes de Glauber e cia., os enlatados de Hollywood, regidos por uma ditadura cultural da indústria norte americana.
Porém, na metade para o fim dos anos 90, quando filmes como “Carlota Joaquina”, de Carla Camuratti, e “O que é isso companheiro¿”, de Bruno Barreto, este indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, chegou aos cinemas, os sintomas de saída do coma do nosso cinema estavam iniciados. O quadro iria modificar de vez com o lançamento da obra prima de Walter Salles, “Central do Brasil”, com duas indicações ao Oscar, entre elas, a de melhor atriz para Fernanda Montenegro. Era à volta do cinema brasileiro e da estética iniciada no movimento do “Cinema Novo”.
Assim como o tropicalismo foi um movimento efêmero, engolido pela ditadura, mas que está presente em inúmeros músicos atuais do Brasil, com o “Cinema novo” não é diferente, as temáticas e a linguagem incomum pode ser encontrada em filmes como, “Madame Satã”, de Karim Ainous, “Amarelo manga”, de Cláudio Assis e “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho etc. Nos três filmes citados e em muitos outros produzidos nos últimos 5 anos, você vai encontrar o máximo da ideologia cinematográfica dos anos 70: personagens marginalizados socialmente, miséria urbana, contestamento político, fotografias ousadas, enquadramentos um tanto intimidadores, ou seja, a máxima de Glauber Rocha e a ideologia de sua época.

Menos Hollywood, mais Brasil

As duas décadas obscuras do cinema brasileiro deixaram marcas que se perduram até hoje, a mais gritante de todas é presença maciça do cinema “gringo”, 90% das salas brasileiras exibem produções dos Estados Unidos, com publicidade milionária, dessa forma, obras importantíssimas passam despercebidas pelo público nacional, salvo algumas exceções, no caso produções da Globo Filmes.
Só para se ter uma idéia do tamanho do estrago, na época em que foi exibido, “Lavou arcaica”, vencedor de mais de 40 prêmios ao redor do mundo, com um orçamento pequeno, ocupou duas salas, uma no Rio e outra em São Paulo, enquanto o filme “Homem aranha” se apresentou em 200 salas.
Não a intenção de chamar o xenofobismo aqui, apenas à atenção de que obras primas brasileiras são reverenciadas lá fora e aqui, amargam magras bilheterias.
O filme de Cláudio Assis, “Amarelo manga”, quando em seu lançamento, foi dito por vários diretores, entre eles Luiz Fernando Carvalho, “como o inicio de uma nova dramaturgia no cinema”, os críticos daqui também elogiaram a obra, nos festivais europeus e latinos o filme foi aplaudido em pé, e sabem quanto custou o filme¿ R$ 450 mil reais!
Outro exemplo, o filme “Cidade de Deus” quando foi exibido em Nova York, chegou a fazer fila, disputou Oscar de melhor filme do ano com o “Senhor dos Anéis” e o produtor Jerry Buckheimer disse o seguinte, “em termos de na edição e fotografia, o filme ‘Cidade de Deus’ consegue superar o Senhor dos anéis”.
Apesar da ajuda estatal ter aumentado significativamente e este ano já terem sido exibidos mais de 20 filmes brasileiros, os profissionais do cinema nacional ainda sofrem para divulgar seus trabalhos, portanto, vamos olhar mais para as produções do Brasil, que em termos de conteúdo, estética e criatividade, o nosso cinema, em grande parte das produções, deixa muito filme estrangeiro e milionário no chinelo.


Cena do Filme AMARELO MANGA (Foto Divulgação)

Crítico: Marcelo Hailer - Jornalista - marcelo.hailer@gmail.com    

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