ENTREVISTA COM O ESCRITOR FRODO OLIVEIRA

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Frodo Oliveira.
 (14/04/08)

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Frodo Oliveira - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Agradeço a gentileza da entrevista, e gostaria de agradecê-lo pelo livro autografado “Extrema Perfeição”. Quando teve início a sua paixão pela literatura?

Frodo Oliveira: Pelo que eu me lembro, antes mesmo de aprender a ler, com quatro anos mais ou menos, eu já folheava as páginas dos gibis da Disney, louco para saber o que os "bonequinhos" diziam. Quando aprendi a ler, aos cinco anos, eles foram minha porta de entrada no mundo das letras. Daí para os clássicos infanto-juvenis, que eu descobri numa biblioteca pública de uma pequena cidade do interior de Alagoas, foi um pulo. Li todos: Aladim, A ilha do tesouro, As aventuras de Gulliver, Ali Babá e os quarenta ladrões, Peter Pan... Depois descobri Júlio Verne e seus livros fantásticos, e a coleção Vaga-lume, da Ática. Caramba, eu devorava aqueles livros. Foi assim que fui apresentado a Marcos Rey, Lúcia Machado de Almeida, Homero Homem, Maria José Dupré e tantos outros que me fizeram ver que o Brasil também tinha uma literatura de qualidade. Até então, conhecia apenas autores estrangeiros, mas a coleção Vaga-lume despertou em mim o desejo de escrever. Ah, não posso deixar de creditar também a escritora paulista Stella Carr, que li quando tinha doze anos. Gostei tanto do livro "O caso da estranha fotografia" que resolvi escrever uma cartinha para ela, através da editora. Qual não foi a minha surpresa quando, semanas depois, recebi pelo correio um pacote contendo uma carta de punho próprio, uma fotografia e, pasmem, cinco livros autografados da escritora. Creio que foi um dos dias mais felizes da minha vida. A essa altura do campeonato, eu já estava "contaminado" pelo vírus das letras...

Ademir Pascale: Poderia nos falar um pouco sobre a sua obra “Extrema Perfeição”?

Frodo Oliveira: Extrema Perfeição é um livro que eu chamo carinhosamente de "Meu pequeno Frankenstein" (rs!). Ele foi escrito aos poucos, com o objetivo de ser publicado apenas no meu site do Recanto das letras e no meu blog. Mas aí as pessoas começaram a pedir mais contos, e a sugerir um livro de "verdade", e eu, que sempre fui muito metido, disse: e por que não? O tema central do livro é o ser humano e sua eterna relação com o amor e a morte. São 14 contos que vão do suspense ao sobrenatural, com uma pitada de violência, dois dedos de ironia, muito desencontro e um pouco de sexo, que eu preciso vender também. Na maioria das vezes, eu me sentava em frente ao computador e o conto saía em duas, três horas. Claro, depois vem a ralação de verdade, que é lapidar o diamante bruto, cortar os excessos, os erros ortográficos, essas coisas chatas que todo escritor tem que fazer. Algumas vezes a história já estava toda na cabeça, outras eu não fazia idéia de onde estava me metendo. O conto que dá nome ao livro, por exemplo, saiu de uma notícia lida em um jornal dois anos antes, e que ficou maturando esse tempo todo na minha cabeça. Mas confesso que quando terminei de escrever, até eu mesmo me surpreendi com o que li. Quem escreve deve estar preparado para essas surpresas, as histórias parecem ter vontade própria, não adianta você esquematizar tudo, os personagens sempre encontram um jeito de pular fora do teu "esquema"... Outro "causo" interessante foi o que aconteceu ao conto "A menina que fazia chover", o primeiro a ser escrito. Eu não entendia muito bem como funcionava o navegador do blog, então escrevia o conto inteiro para só então publicar. Para encurtar a história, perdi duas versões do conto, as duas com finais felizes, pois o blog sempre travava. Furioso, escrevi a terceira e matei a menina (Ops, contei o final!)... Mas aprendi que textos longos devem ser salvos primeiro. Doeu, deu trabalho, mas eu aprendi!

Ademir Pascale: Teve influências de outros autores? Se sim, quais os autores?

Frodo Oliveira: Ah sim, claro. Nos dias de hoje é impossível um escritor novato não se deixar influenciar pelo grandes "mestres". No meu caso, Stephen King talvez tenha sido o autor que mais tenha me influenciado. Admiro a facilidade com que ele escreve fora da sua especialidade, que é o terror. Normalmente os grandes escritores não se dão muito bem fora da área que dominam, vide Machado de Assis, que nunca foi considerado um grande poeta, apesar de ter escrito livros de poesia. Mas o King é tão bom escrevendo sobre fatos mais corriqueiros quanto os sobrenaturais. Os filmes "Conta comigo", "À espera de um milagre", "Um sonho de liberdade" e "O aprendiz", todos baseados em contos seus, provam que ele é um escritor acima da média, embora a crítica americana torça o nariz para ele. É mais ou menos o que acontece aqui no Brasil com o Paulo Coelho. Se você se torna rico e conhecido fazendo algo parecido com arte, certamente vão tentar te menosprezar. Outras grandes influências em minha vida literária foram Conan Doyle, com o eterno Sherlock Holmes, Edgar Allan Poe e suas "Histórias extraordinárias" e Ágatha Christie, cuja coleção da Nova Fronteira eu li quase que inteira (cerca de sessenta, setenta volumes). Há também textos isolados de outros escritores, como "Um sussuro nas trevas", de Lovecraft, "Um pouco do seu sangue", de Theodore Sturgeon, "Um pulo em casa", de Scott Fitzgerald, " O retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde, clássicos que marcaram minha vida como leitor e que certamente forneceram matéria-prima para meus escritos.

Ademir Pascale: Você também já participou de antologias? Se sim, quais?

Frodo Oliveira: Eu comecei publicando o conto "Morrer de amor" na antologia "Noctâmbulos", da editora Andross, e aguardo minha participação em outra antologia, "Caminhos de medo", que trará o conto "A ponte do diabo", ainda inédito. O lançamento está previsto para o final de julho, e o livro deverá participar da Bienal do livro deste ano. Acho importante esse tipo de participação, é um meio de divulgar sua obra sem gastar muito dinheiro. Tenho lido entrevistas de autores que se consideram injustiçados pelo mercado editorial brasileiro. Não quero chover no molhado e ficar me lamentando que o Brasil é um país que não lê, que os editores só querem saber de lucrar, que as oportunidades para os escritores iniciantes são praticamente inexistentes. Isso tudo é real, mas o que nós podemos fazer? Capitalismo é isso... Agora, eu prefiro editar o meu livro e ter cem leitores do que ficar com meu original no fundo de uma gaveta, reclamando da sorte. Como tudo na vida, tem que correr atrás, senão nada acontece. Sempre fui um otimista incorrigível, quem sabe um dia meu livro não vai parar nas mãos de alguém em uma grande editora e a coisa não acontece? Enquanto isso, vou me divertindo com o que tenho, ou seja, meus cem leitores(rs!)...

Ademir Pascale: Você também é crítico de cinema e, acredita que existe uma relação entre a literatura e o mundo da sétima arte?

Frodo Oliveira: Sem um roteiro não se tem um filme, e roteiro é literatura. Temos visto bons filmes que derivam de obras literárias, mas agora o inverso também está ocorrendo: bons roteiros estão sendo adaptados para o formato do livro. Pessoalmente, sou um apaixonado por cinema, mas sei que ele limita a capacidade de imaginação das pessoas, pois te fornece a imagem. A literatura é mais abrangente, pois o leitor não tem o estímulo visual, então ele precisa imaginar o que o autor quis dizer com aquilo, e isso é mais enriquecedor, faz com que a nossa mente se liberte das convenções pre-estabelecidas. Nem todo mundo que assistiu a um bom filme deve ter sentido a vontade de se transformar em diretor, mas creio que todos os que leram um bom livro já sentiram, pelo menos por uma fração de segundo, a irresistível vontade de escrever algo semelhante. A literatura forma seu próprios autores.

Ademir Pascale: A internet proporciona agilidade na comunicação e interação entre os usuários, além de ser o meio de comunicação mais usado pelos brasileiros. O que você acha desta nova geração de autores que se beneficiam desta tecnologia? É sabido que, muitos autores, não a utilizam. Você acredita que estes ficarão desatualizados e conseqüentemente, perderam espaço para esta nova geração?

Frodo Oliveira: O homem é teimoso por natureza. Na época em que surgiu a máquina de escrever deve ter acontecido algo semelhante, e da mesma forma que, na música, alguns astros se recusavam a usar a guitarra elétrica em meados dos anos 60's, alguns escritores "da antiga" se recusam a utilizar os recursos da era da informática, estão acostumados à idade da pedra. Mas, como já disse o Belchior na canção "Como nossos pais", "O novo sempre vem". Não adianta lutar contra a tecnologia, ela está aí para ficar, e quem não se reciclar certamente vai perder espaço, sim. Eu uso e abuso de todos os recursos que podem facilitar a minha vida e divulgar o meu trabalho. Tenho blog, site, quatro e-mails, estou no Orkut e Perfspot e se não utilizo mais ainda a internet é por pura falta de tempo. Se me deixarem na frente de um computador, sou capaz de virar a noite sem sentir o tempo passar. E se isso é ser nerd, sim, admito, eu sou!...

Ademir Pascale: É fácil publicar um livro no Brasil? Quais as etapas que um autor iniciante deve seguir?

Frodo Oliveira: Por incrível que pareça, não é muito difícil, não. Com a alta tecnologia barateando os custos na impressão, com R$ 500,00 você pode publicar por uma editora de demanda, que imprime um mínimo de dez cópias cada vez que se precisa. É um modo bem legal de desengavetar o original, enquanto espera que as "grandes" se manifestem. Agora, conseguir que uma delas se interesse pela obra já é mais difícil. Exige muita perseverança e disposição, que os editores só querem ganhar dinheiro, que o Brasil é um país que não lê, e blá, blá, blá... Lembrem-se, no entanto, que para tencionar publicar um livro é necessário primeiro saber escrever decentemente, e isso só se consegue lendo bastante. Sem leitura constante não há escritor. E não esqueça também de divulgar o máximo possível, na internet, na faculdade, entre amigos e familiares. Quanto mais pessoas tiverem acesso à sua obra, maiores as chances de você se tornar conhecido.

Perguntas Rápidas:

Uma livro: "Admirável mundo novo", de Alduos Huxley.

Um autor(a): Guimarães Rosa.

Um ator ou atriz: Sean Connery.

Um filme: "Edward mãos de tesoura", de Tim Burton.

Um dia especial: O dia em que o último brasileiro analfabeto for alfabetizado.

Um desejo: Ter um livro publicado por uma grande editora.

Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso. Um forte abraço.

Frodo Oliveira: Eu é que agradeço pelo espaço, meu caro Ademir Pascale. Se mais jovens do nosso país tivessem o mesmo interesse e dedicação às artes que você tem, certamente que o Brasil já estaria num patamar mais adiantado na comunidade mundial. Gostaria de deixar os links do meu blog: www.frodooliveira.zip.net , do site  www.recantodasletras.uol.com.br/autores/frodooliveira e da minha editora  www.corifeu.com.br/comprar.asp?CODIGO=310 . Vivam decentemente, leiam bastante e ajudem no que puderem. Afinal, se existir um paraíso, quero poder encontrar vocês por lá, um dia...

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Extrema Perfeição - Frodo Oliveira

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Frodo Olievira.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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