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"SHAKESPEARE NO CINEMA" 
por Ademir Pascale - Crítico de Cinema e Editor do Portal Cranik - ademir@cranik.com
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ESPECIAL - SHAKESPEARE NO CINEMA - (FOTO DIVULGAÇÃO - HAMLET)

"O Imortal Shakespeare"

     Às vezes paro pra refletir e me pergunto: o que seria da língua inglesa sem as influências do excelente dramaturgo William Shakespeare (1564-1616)? Notamos as influências deste dramaturgo por todos os lados; nas telenovelas, cinema, literatura, teatro e até mesmo nas histórias em quadrinhos do Maurício de Souza e Walt Disney. Existem controvérsias e, alguns juram que Shakespeare nunca tenha escrito nenhuma peça teatral e, infelizmente, também acredito que não... Estudando a Literatura Inglesa, poderemos notar que a maioria das peças de Shakespeare, já eram bem antigas e muitas de autores desconhecidos. Naquela época "meados de 1500" não existia o plágio, todos poderiam copiar as peças uns dos outros e até mesmo modificá-las e melhorá-las e, é isto no que acredito, provavelmente Shakespeare adquiriu várias ou todas as suas obras de outros autores, comprando ou mesmo, copiando. A famosa trama de Romeu e Julieta, acredite se quiser, vem do poema narrativo de Arthur Brooke, A Trágica História de Romeu e Julieta, de 1562, Shakespeare apenas acrescentou e modificou alguns detalhes, mas a história não acaba por ai, pois historiadores dizem que Romeu e Julieta ainda é anterior a obra de Arthur Brooke e o verdadeiro autor é Masuccio Salernitano do ano de 1476, e o título original de Romeu e Julieta era Mariotto e Gianozza, em Il Novelino (só Deus deve saber se parou por ai. Quem sabe a obra ainda não é anterior ao dramaturgo Masuccio Salernitano?). Bom, então não preciso dizer mais nada sobre as outras obras: Hamlet, Otelo, O Mouro de Veneza, Tito Andrônico, A Comédia dos Erros, Sonho de uma Noite de Verão, A Megera Domada, Muito Barulho por Nada (discutiremos muito o filme baseado nesta obra), etc.

 

Não tenho dúvidas que Shakespeare foi muito importante e, com certeza, todas as obras citadas, carregam uma pitada deste influente autor e dramaturgo. No momento de êxtase das obras, notamos um Shakespeare vivo e somente quem as conhece, saberá do que estou falando.

O Brasileiro e ex-ministro da cultura Ariano Suassuna, teve grande influência de Shakespeare na obra O Auto da Compadecida, com cenas semelhantes da obra O Mercador de Veneza, usando temas políticos, racistas e amorosos. O filme O Auto da Compadecida foi dirigido por Guel Arraes. Vale lembrar também que a época modifica o contexto da obra, e O Mercador de Veneza poderia ser chamado hoje de Shylock - O Judeu, pois no meu ponto de vista, Shylock não era o vilão e sim o herói. (o Judeu Shylock foi retratado como vilão na peça de Shakespeare, simplesmente por praticar a "usura", tema proibido na época, pois ninguém deveria emprestar dinheiro e cobrar juros e, vocês que não conhecem essa obra, não imaginam como este Judeu sofreu nas mãos dos falsos heróis. Seriam as grandes financiadoras e bancos de microcrédito de nossa época as grandes vilãs? O que dizem os aposentados que ganham um salário mínimo e que pegam emprestado dinheiro das mesmas a juros altíssimos, simplesmente por não existir outras alternativas? E aquelas garotinhas que ficam seguindo e puxando os pedestres para dentro das financiadoras? Sem mais comentários... ). Poderemos notar também nas obras de Shakespeare, uma forte influência da Rainha Elizabeth I (1533-1603), pois seu nome é citado na maioria de suas obras, valendo lembrar que este foi o ápice da renascença inglesa (Período Elisabetano) e, graças a Deus, a Rainha curtia teatro e Literatura, bem diferente dos que vieram posteriormente (Dinastia Stuart e Oliver Cromwell). Shakespeare, com o perdão da palavra, foi um "puxa-saco", adorava a Rainha Elizabeth I, lotava os teatros "ou como dizia os gregos, Théatron", enriqueceu rapidamente e viveu feliz para sempre, sua vida foi bem diferente de suas "tragédias" - existem aqueles que dizem que A Megera Domada foi feita para a submissa e temperamental Rainha Elizabeth I, ou Rainha Virgem, como muitos a chamavam - por que será? - Bom, mas chega de história, vamos falar agora do filme baseado na obra de Shakespeare Muito Barulho por Nada (Much Ado About Nothing). Um péssimo título para uma ótima obra, o diretor do longa-metragem "Kenneth Branagh" resolveu deixar o mesmo título, afinal, ficaria incoerente mudá-lo, já que é um longa baseado na obra deste título. Posteriormente, Kenneth dirigiu os longas: Sonhos de uma noite de inverno (In the bleak midwinter) e Hamlet, mostrando-se completamente apaixonado pelas obras de Shakespeare.

 

O longa Muito Barulho por Nada teve um elenco de peso, com Emma Thompson, Keanu Reeves, Denzel Washington, Michael Keaton e Kate Beckinsale e, ao assisti-lo, inicialmente tive a impressão de um filme terrível, com muita festa, correria, bagunça nos nomes, etc., mas lembrei que era baseado em uma obra de Shakespeare, então levei em consideração, mas, no decorrer e no êxtase da trama, aplaudi de pé; que excelentes interpretações, que ótima história. E pensar que foi escrita há mais de 400 anos, incrível. O surpreendente é que a protagonista Kate Beckinsale (Hero) é a mesma protagonista de Anjos da Noite, Anjos da Noite - a Evolução e Van Helsing - O Caçador de Monstros, incrível, pois em Muito Barulho por Nada, parece uma outra pessoa. O que o tempo e a maquiagem não fazem?

Keanu Reeves ainda tem um papel melhor do que Denzel Washington, que interpreta D. Pedro de Aragon. Keanu Reeves é o vilão "Don João" e, convenhamos, os vilões tem papéis bem mais trabalhados dos que os heróis, eles pensam mais, criam armadilhas, tem melhores narrativas e até os figurinos são mais trabalhados, agora, os heróis, na maioria das vezes nada fazem, usam cuecões por cima das calças, máscaras ridículas, levantam uma espada, dão um grito e vencem os vilões e, na maioria das vezes, são uns verdadeiros idiotas. O que seria do Papa Léguas sem o Coiote? O que seria do He-Man sem o Esqueleto ? O que seria do Jerry sem o Tom e vice-versa ? O que seria do Batman sem o Coringa ou o Charada ? Reflitam ... ... ... ... ...

   

Bom, vou ficando por aqui e fica a minha dica Muito Barulho por Nada, um excelente filme para você e sua família (a história deste filme é da época em que uma garota que não era mais virgem antes de se casar, era considerada libertina, o casamento era anulado e deveria morrer instantaneamente. Imaginem se fosse assim até hoje?).

Título Original: Much Ado for Nothing
Gênero: Comédia
Duração: 111 min.
Ano: EUA/Inglaterra - 1993
Distribuidora: Samuel Goldwyn Company
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Kenneth Branagh, baseado em peça de William Shakespeare
Música: Patrick Doyle
Fotografia: Roger Lanser
Direção de Arte: Martin Childs
Figurino: Phyllis Dalton

* Crédito das fotos: Samuel Goldwyn Company

Crítico: Ademir Pascale é crítico de cinema, ativista cultura, editor e criador do portal Cranik www.cranik.com e do projeto de inclusão social e cultural "Vá ao cinema!". Contatos para matérias em Jornais, Sites ou Revistas, e-mail: ademir@cranik.com

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