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ESPECIAL "UM GRITO PARA A IRREVERÊNCIA CINEMATOGRÁFICA" 
por Ademir Pascale - Crítico de Cinema e Editor do Portal Cranik - ademir@cranik.com
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* Matéria finalizada em 31/01/07 e publicada nesta página em 13/02/07.


O HOMEM DO ANO - (Foto Divulgação)

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    No mundo da sétima arte, o que faz sucesso, é arduamente repetido e repetido por várias e várias vezes, chegando a se tornar em algo amplamente maçante – afinal, não só no mundo da sétima arte, mas no mundo da moda, da música e da língua “gíria ou jargão”.

Quando eu era mais jovem, delirava com os filmes dos atores Jean-Claude Van Damme e Steven Seagal, mas, após assistir ao segundo, terceiro, quarto, quinto filme de cada um destes fictícios lutadores, percebi que todos tinham o mesmo enredo, todos seguiam uma mesma linha – ou alguém era raptado ou algum parente próximo do personagem principal era brutalmente assassinado, então começava a caçada pelos bandidos ou terroristas... - que chatice, tudo era e “ainda é” sempre igual, infelizmente, até os dias de hoje. Na música, sempre surge um novo grupo de samba, pagode, rap ou dupla sertaneja fazendo o maior sucesso e, vendendo milhares de cópias de cd’s, mas, na maioria das vezes, sem ritmo algum ou, com ritmo, mas sem nexo em suas letras, apenas tendo rima em algumas palavras desconexas - mas notem que esses grupos ou duplas, na maioria das vezes, ficam no topo do sucesso apenas três ou quatro anos, enquanto que os verdadeiros mestres da música, vendem poucas cópias de seus cd’s, mas continuam conosco durante décadas, cito: Caetano Veloso; Cássia Eller; Chico Buarque; Clara Nunes; Djavan; Ed Motta; Fagner; Gilberto Gil; Lobão; Marisa Monte; Milton Nascimento; Zélia Duncan; Vinícius de Moraes e até mesmo o irreverente Raulzito “Raul Seixas” – é claro que faltam muitos nomes, mas os citados são apenas um exemplo dos artistas que se consagram durante décadas com excelência nas letras em suas músicas. No mundo da moda não é diferente - se uma modelo bem cotada surgir em um outdoor ou propaganda de TV, com um par de meias amarelas com bolinhas pretas, uma sandália vermelha, uma mini-saia preta esfarrapada e uma mini-blusa rosa choque com listras roxas, dentro de alguns dias, será o sucesso nacional – você notará garotas com o mesmo modelito nas baladas, nos shoppings, nas ruas e até mesmo dentro de sua própria casa, pois a sua irmãzinha não vai querer ficar desatualizada e “brega” perante os amigos.

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Cidade de Deus - Foto Divulgação

No cinema nacional – acho que alguns deverão se lembrar – dos filmes “libertinosos” de pornochanchada da década de 70 ou 80 sem nenhum conteúdo, roteiros fraquíssimos e muitas cenas de sexo – cenas “exageradas” e prolongadas de sexo. Na década de 90, época do mandato do nosso “digníssimo” Ex-Presidente da República, Fernando Collor de Mello, os filmes nacionais quase foram dizimados - não se via mais filmes nacionais nas telas do cinema, mas, felizmente, aos poucos, tudo foi retornando e, não sei dizer qual longa-metragem nacional foi o titular da série de filmes violentos que surgiu, dando seqüência a uma imensa legião de outros filmes retratando a violência no Brasil: roubos; seqüestros; drogas; malandragem e prostituição - tudo ambientando em um país sombrio com ruas sujas e muros pichados – Ora, todos nós sabemos que qualquer país, por melhor que seja, existe violência, assaltos, prostituição, etc - uns com uma alta porcentagem, outros, nem tanto – acho interessante retratar este lado da moeda como um grito para que as coisas melhorem em nosso país, para que alguém do poder faça algo, para que surja alguma esperança, sem dúvida, mas sem exageros. Hoje, quando começo a assistir um filme brasileiro, me pergunto – Será que este será igual aos tantos outros filmes nacionais? - Estou bem decepcionado com esta grande quantidade de filmes repetitivos que seguem esta mesma linhagem – parece que, quando um filme de um gênero dá certo, surgem centenas de outros da mesma estirpe...

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O Homem que Copiava - Foto Divulgação

Os filmes nacionais estão sendo super bem produzidos, mas temos que acreditar em novas histórias, novos roteiros e, tentar deixar de retratar a violência em “quase” todos os nossos filmes – Sei que é difícil arriscar em uma história que talvez nem possa dar certo, mas tem que ser assim. Alguns filmes nacionais não fizeram tanto sucesso, mas com certeza, foram irreverentes, como: Ed Mort; Gatão de Meia Idade; Aleijadinho – Paixão; Glória e Suplício; Casa de Areia; Casamento de Romeu e Julieta; Espelho D'Água; Os Normais – O Filme; A Grande Família – O Filme; Fica Comigo Esta Noite; Garrincha - Estrela Solitária; Se Eu Fosse Você; Trair E Coçar É Só Começar e, poucos outros filmes nacionais que não envolvem muito a violência, roubo, prostituição e degradação de nosso povo.


Cena do filme "Turistas" - Foto Divulgação

Às vezes, paro para refletir e imagino - o que os estrangeiros pensam do Brasil vendo filmes e mais filmes retratando apenas a violência em nosso país? – Acredito que o novo filme americano “Turistas”, de John Stockwell e que será distribuído pela Paris Filmes aqui no Brasil (estréia em território nacional: 16/02/07) e, que conta a história de seis jovens que passam as férias em nosso país e, são assaltados, maltratados, drogados e vítimas de uma perigosa quadrilha de tráfico de órgãos, foi apenas alvo de polêmica e boicote em alguns milhares de blogs, sites e correntes de e-mails brasileiros, simplesmente porque foi um filme com produção internacional, retratando “com exagero” a violência, etc, etc no Brasil, os de produção nacional que seguem esta mesma linha, nunca foram protestados ou boicotados, simplesmente porque “são nacionais” – O Filme “Turistas” é exageradamente violento, simplesmente porque "eles" os estrangeiros nos enxergam assim - quem mandou exagerarmos na dose e produzirmos dezenas de filmes do mesmo gênero e enredo? – Temos que mudar urgentemente esta imagem do Brasil através do cinema nacional, pois sei que temos capacidade para isso – conheci pessoalmente alguns dos melhores diretores cinematográficos do Brasil, como: Lina Chamie e Toni Venturi – pessoas que tem o sangue na veia para mudar o cinema nacional, assim como outros diretores brasileiros que não tive o prazer de conhecê-los pessoalmente.

A verba para a produção dos filmes nacionais já não é tão baixa como era na década de 80 ou 90, a única coisa que falta é acreditar mais – vamos lutar para mudar ou ficarmos parados “mais uma vez”?.

     
Carandiru (Imagem 01)  e Ônibus 174 (imagem 02) - Foto Divulgação

* Matéria produzida em 31/01/07 e publicada em 13/02/07 por Ademir Pascale Cardoso.

Crítico: Ademir Pascale é crítico de cinema, ativista cultural, editor e criador do portal Cranik www.cranik.com e do projeto de inclusão social e cultural "Vá ao cinema!". Contatos para matérias em Jornais, Sites ou Revistas, e-mail: ademir@cranik.com

Crédito das Fotos: Fotos Divulgação.

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